Vídeos e fotos mostram agressões de militar do Exército contra companheira em São Gonçalo
Patrícia Coutinho, de 45 anos, denunciou Gean Franque da Silva à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) após receber ameaças de morte: 'Minha vida parou'
Patricia Coutinho mostra as agressões sofridas pelo marido, o oficial do Exército Brasileiro Gean Franque da Silva - Divulgação
Patricia Coutinho mostra as agressões sofridas pelo marido, o oficial do Exército Brasileiro Gean Franque da SilvaDivulgação
Rio - Do sonho ao pesadelo. É assim que a comerciante Patrícia Coutinho, de 45 anos, descreve o período de pouco mais de três anos que viveu com o oficial do Exército Brasileiro Gean Franque da Silva. Depois das agressões físicas, psicológicas e até ameaças de morte, Patricia denunciou o marido à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo, em junho deste ano, e expôs imagens, vídeos e áudios das várias agressões sofridas ao longo deste período.
Veja o vídeo de uma das agressões sofridas por Patricia. Atenção, imagens fortes:
Atenção, imagens violentas: vídeo mostra agressão de oficial do Exército contra companheira em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio
Ao DIA, a comerciante contou que os dois se conheceram em janeiro de 2019 e, após três meses de um namoro intenso, Gean se mudou para sua casa, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Pouco tempo depois eles se casaram. Foi então que o sonho, com promessas de cuidados e zelos, se tornou o maior pesadelo da vida de Patricia.
"Ele era um homem muito encantador, carinhoso, fazia de tudo para me agradar. Ele se apresentou para mim como um homem perfeito, mas sempre demonstrou muito ciúmes e também era bastante possessivo", lembra. A primeira agressão física aconteceu em maio de 2019, logo depois dele ter se mudado para a casa de Patricia. "Ele deu um tapa na mão e minha unha começou a sangrar. Desde então foram várias agressões físicas e psicológicas. Por ser tenente do Exército, ele acreditava que nada nunca ia acontecer contra ele", diz.
A última agressão aconteceu no dia 13 de junho, como na maioria das vezes, motivada por ciúmes por parte do militar. "Eu gravei tudo nesse dia, assim como fiz das outras vezes. Eu chamei a polícia e quando ele percebeu que estava denunciando, arrumou as coisas, pegou o carro e fugiu para não ser preso em flagrante". Neste dia Patricia registrou um boletim de ocorrência e fez exames no Instituto Médico Legal (IML).
Gean teria ido para sua casa em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, para não ser localizado no dia da denúncia. Ele retornou somente no dia 23 de junho à São Gonçalo para prestar depoimento na Deam. De acordo com Patricia, o militar disse na especializada que não teria nada a declarar sobre as acusações.
Dias antes de comparecer à delegacia, Gean voltou a fazer ameaças de morte contra a esposa. Atualmente, Patricia conseguiu uma medida protetiva que o impede de entrar em contato com ela. Com medo, a vítima teme por sua liberdade e pela decisão da Justiça.
"Moro hoje com meu filho de 22 anos e tenho uma família e um círculo de amizades que me apoiam, mas mesmo assim sinto muito medo. Há duas semanas que eu não consigo dormir direito, qualquer barulho eu já acordo assustada. Minha vida parou, eu passo o dia inteiro na expectativa dele ser preso", desabafa.
O caso de Patricia não é uma situação isolada. Segundo ela, desde que expôs o seu caso nas redes sociais, vem recebendo relatos de outras mulheres contando que passam pela mesma relação abusiva e agressiva. "É um absurdo passarmos por isso. É preciso ter coragem e denunciar antes que o pior aconteça", alerta.
A Deam (São Gonçalo) informou que o inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público do Rio (MPRJ). O promotor vai analisar os fatos e as provas.
O Comando Militar do Leste (CML) também informou que foi instaurado um processo administrativo pelo Exército Brasileiro para apurar a denúncia. O órgão reiterou a instituição "não compactua com qualquer tipo de irregularidade, repudiando veementemente atitudes e comportamentos em conflito com a lei, com os valores militares ou com a ética castrense."
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.