Celulares apreendidos em Botafogo após revista policial em suspeitosDivulgação

Rio - O número de furtos de celulares aumentou mais que o dobro em relação aos cinco primeiros meses do ano passado no Rio de Janeiro. Um levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontou que 11.657 crimes desse tipo foram registrados entre janeiro e maio de 2022. No mesmo período do ano anterior, foram 4.805 ocorrências. Isso indica uma variação de 142% em todo o estado.
Somente no município do Rio, o total de furtos de celulares chegou a 9.276. Isso significa que 61 aparelhos são levados por assaltantes a cada dia na cidade. A estudante Mariana Gurgel, 19 anos, já foi furtada nove vezes. Neste ano, ela estava em um festival de música quando sua bolsa foi aberta pelo criminoso. O celular foi levado e o pesadelo continuou por mais alguns meses. 
"No meio do show, olhei para minha bolsa. Ela estava aberta e meu celular não estava mais lá. Eles desligaram o telefone imediatamente depois. Tive medo dos dados serem roubados. Eles me ligavam e mandavam mensagem fingindo ser da marca. Eles diziam que alguém tinha tentado invadir meu celular. Tinha um link que, provavelmente, era para me hackear", contou.
Uma outra vítima, que preferiu não se identificar, também teve o celular furtado em uma festa. Ela estava acompanhada de um homem e, durante um beijo, a bolsa foi arrancada de sua mão. "Fiquei muito preocupada com meus dados, não tinha como cancelar nada. Era tudo digital e eu não sabia minhas senhas. Eu viajei no dia seguinte e fiquei sem celular durante a viagem. Ainda me ligaram para dizer que tinham encontrado o celular, perguntando se eu poderia dizer minha senha. Sou esperta e não passei meus dados", disse a moça.
O estado também registrou um aumentou geral em casos de furto. Entre os períodos analisados, o número subiu de 45.098 para 66.366. Com isso, houve um aumento de 47.2% de ocorrências. A capital continua sendo a mais afetada: são 42.353 vítimas nos primeiros cinco meses de 2022. 
O estudante de Medicina Alberto Rocha, 21 anos, também sofreu depois de ser furtado. Ele saía da faculdade quando um motoqueiro vestido de entregador de aplicativo puxou seu celular. "Saí correndo atrás gritando 'pega ladrão'. Fui para casa tentar rastrear o telefone, mas não estava conseguindo. Aí vi que um pedido de R$ 500 tinha sido feito em um aplicativo", lamentou.
A Polícia Militar informou que, segundo dados do ISP, os roubos de rua registraram uma redução de 8% e os roubos de aparelho celular declinaram 4%. "As variações dos índices em áreas específicas, as chamadas manchas criminais, são analisadas permanentemente como forma de orientar o planejamento estratégico das unidades", disse a assessoria da corporação.
De acordo com a PM, a retomada do movimento nos centros urbanos provocou aumento das ocorrências de furtos. "Além disso, há um grande número de ocorrências de furto em eventos com aglomerações de pessoas (jogos de futebol, shows, etc). A Polícia Militar não descarta o furto de celular como sendo a maior taxa de falsa comunicação de crime", concluiu.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que "as leis são brandas com furtadores por considerar que não há violência e os mesmos respondem por seus crimes em liberdade, o que causa sensação de impunidade e também reincidência nesse tipo de delito". A instituição também ressaltou que tem identificado e prendido criminosos.
* Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes