Na foto, o cachorro da raça pitbull, responsável pela ataque que vitimou Dona LinaVanessa Ataliba/Agência O DIA

Rio - Uma idosa, identificada Joselia Cerqueira, de 81 anos, morreu após ser atacada por um cão da raça pitbull no bairro Olinda, em Nilópolis, na Baixada, na manhã desta sexta-feira (15).
Segundo informações preliminares, a vítima teria saído cedo de casa para ir à igreja quando foi surpreendida pelo animal, que teria fugido após seu dono ter deixado o portão de casa aberto.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o Quartel de Nilópolis foi acionado às 7h09 para socorrer a idosa, mas ela já foi encontrada sem vida. Uma equipe do 20° BPM também foi chamada no local para checar o ataque do cão, que aconteceu na Estrada Elizeu de Alvarenga. Os agentes conduziram o proprietário do animal e uma testemunha à 57ª DP (Nilópolis), que está investigando o caso. 
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado como homicídio culposo. A perícia foi realizada no local e o tutor do animal prestou depoimento, assim como as testemunhas. A investigação segue em andamento.
Lurdes Maria, filha de Dona Lina, como era chamada Joselina, contou que mãe saia toda sexta-feira de manhã para ir a igreja, e ao passar pela rua em que morava nesta sexta o cachorro do vizinho teria a atacado, atingindo a idosa no pescoço. 
"Uma amiga que estava com ela conseguiu sair. Minha mãe, por ser muito idosa, não conseguiu se livrar do ataque. Eu perdi minha mãe nessa situação horrível. Isso é uma negligência, isso tem que mudar. Esse não é o primeiro caso. Tem que ter um lei para regular isso. Do jeito que aquele cachorro estava ninguém parava ele", revelou a filha.
Ainda de acordo com Lurdes, o mesmo animal já fugiu outras vezes da casa e foi responsável pelo ataque de outros moradores da rua, mas que não chegaram a óbito. "Resta agora a Justiça fazer justiça", completou.
Seis ataques em três semanas
No início desta semana, o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, apontou o registro de seis ataques de pitbull em três semanas. Entre as vítimas, cinco crianças de três a dez anos, que deram entrada no Centro de Trauma do hospital, unidade especializada no atendimento a pacientes com múltiplos traumas.
Grávida de nove meses, a dona de casa Paula da Mata Lima, de 34 anos, se viu obrigada a entrar em uma briga corporal com os seus cachorros pitbull para salvar a filha de nove anos que estava sendo atacada pelo animal, na tarde do dia 24 de junho deste ano, enquanto brincava no quintal de casa. A menina teve parte do couro cabeludo e da orelha arrancados e a mãe levou oito mordidas pelo corpo. Elas tiveram alta do hospital no último dia 7.
Heitor Pereira da Silva, de seis anos, foi outro paciente que entrou na unidade nas últimas semanas. Ele, a irmã de dez anos e a mãe Marcelli Pereira, de 31 anos, foram atacadas pelo cachorro da vizinha durante uma visita da família.
Heitor teve ferimentos graves no rosto, pescoço, cabeça e braços. Foi operado pela cirurgia geral e plástica e pela bucomaxilofacial. Também chegou a ser entubado e o seu quadro de saúde chegou a ser gravíssimo. Depois de idas e vindas do CTI pediátrico para o centro cirúrgico, o pequeno recebeu alta para casa no último dia (6). Todos os outros pacientes também receberam alta.
O uso de focinheira é obrigatório por lei estadual, desde 2005, em raças consideradas ferozes como pitbull, rotweiller e dobermann. Além disso, as raças dessa lista devem passear com guia curta e sob a responsabilidade do dono, o qual também deve obter uma licença que conta com uma série de requisitos.
Comissão de Defesa dos Animais da Câmara Municipal do Rio anuncia que fará campanha de conscientização
O presidente da Comissão de Defesa dos Animais da Câmara Municipal do Rio, vereador Luiz Ramos Filho, anunciou, nesta sexta-feira, que fará uma campanha de conscientização pra tutores de cães de raças consideradas ferozes. De acordo com Ramos Filho, ele vem recebendo uma enxurrada de denúncias sobre cães com grande potencial ofensivo andando pelas ruas sem a focinheira e até mesmo sem a coleira e a guia.
“Claro que a culpa não é do animal. Não se pode perseguir o animal de uma determinada raça por ser mais forte e ter maior potencial ofensivo. Mas os tutores precisam ter a consciência que não é possível botar a vida de outras pessoas e outros animais em risco”, explica o vereador.
Diante das recentes noticiais dos frequentes ataques dessas raças, o vereador afirmou que pretende envolver instituições protetoras de animais em uma grande campanha educativa. “Se o animal pode oferecer risco, por favor coloque a focinheira nele, não saia com ele solto. Tome todas as medidas de segurança, porque o animal pode estranhar um outro bichinho menor, pode estranhar uma criança e há que se ter responsabilidade. Essa é uma forma de proteger o seu próprio animal”, completou.