Sepultamento de Cauã, morto pelos próprios amigos e jogado no rio Guandú. Nesta sexta-feira (15).Sandro Vox/Agência O Dia

Rio - Um clima de revolta e protesto marcou a despedida de parentes e amigos ao adolescente Cauã Neres, de 17 anos, no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste. O jovem foi morto por cinco amigos e teve seu corpo jogado no Rio Guandu. O crime, motivado pelo sumiço de um aparelho celular, foi desvendado na última quarta-feira (13), quando o grupo assumiu o crime e a Justiça determinou a prisão preventiva dos envolvidos.
Cerca de 300 pessoas participaram do sepultamento de Cauã, que foi marcado por uma manifestação de motociclistas. Uma 'motociata' foi marcada pelo grupo saindo do local onde o jovem vivia com a avó, em Santa Cruz, até o cemitério.
"A gente pede que a pena para eles seja a mais severa possível. Eles são animais. Com gente assim, não tem que ter conversa. Infelizmente, os amigos que o levaram na madrugada de sábado para domingo não eram os verdadeiros", disse Hamad Munhoz, amigo de infância do Cauã.
O amigo ainda afirmou que Cauã era um menino no corpo de um adolescente, que ele não estava acostumado a sair, mas falhou ao confiar nos supostos amigos. "O Cauã era uma criança grande. Apesar do tamanho e da idade, ele não evoluiu. Ele não tinha a mentalidade de um adolescente de 17 anos. Quem o conhecia sabe que o comportamento dele era de uma crianças de 10, 12 anos. Super prestativo, não era uma criança que aprontava na rua, de responder os mais velhos. O problema dele é que ele era muito curioso e confiava demais nas pessoas. Ele queria estar sempre perto, sempre em grupinho", disse.
O adolescente saiu com os cinco amigos, que admitiram tê-lo matado na noite último sábado (9). O grupo foi beber e enquanto estavam em um bar, uma abordagem da PM fez com que um deles precisasse do celular para apresentar os documentos. O aparelho havia sumido dentro do carro, mas Cauã o encontrou.
A atitude provocou suspeitas nos amigos, que decidiram dar uma lição no adolescente. Cauã foi submetido a uma sessão de espancamento ainda dentro do carro e por medo de que ele denunciasse a agressão, os cinco decidiram matá-lo e jogar seu corpo no Rio Guandu.
"Eles usaram a própria camisa do Cauã para sufocar ele, depois amarraram uma pedra ao corpo dele e jogaram na água", disse o delegado Fabio Luís Souza, titular da 36ª DP (Santa Cruz), responsável pelo caso. Ainda segundo o delegado, nenhum deles demonstrou remorso pelo crime no momento do relato e nem intenção contrária ao assassinato do adolescente.
Brutalidade
Vanessa Neres, mãe de Cauã, lamentou a morte do filho de forma tão brutal. "Meu filho era inocente. É muito triste, é uma crueldade muito grande o que fizeram com meu filho! Fico pensando que ele sofreu muito, muito mesmo. Mas a Justiça está aí, e eu vou lutar para que eles tenham a maior pena, porque o que fizeram com meu filho não se faz com ninguém, nem com bicho", expôs.
Os cinco acusados foram encaminhados, nesta quinta-feira (14), para o sistema prisional, onde aguardam a condenação pelo crime na Justiça.