Barricadas de fogo interromperam o trânsito na Lapa no início da noite desta segunda (18)Reprodução de vídeo

Rio - Moradores da Lapa alegam que policiais civis disfarçados atiraram contra os suspeitos de tráfico de drogas na operação que ocorreu na noite desta segunda-feira (18), deixando um homem, identificado como Emanuel Ramos de Oliveira, morto e causando enorme confusão na Região Central do Rio. 

Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, testemunhas informaram que não houve troca de tiros. Segundo eles, tinham até moradores na rua, que ficaram em meio aos disparos, quando a operação foi iniciada, causando muita correria. Além disso, eles acusam a polícia de ter invadido um casarão atirando, mesmo o local estando ocupado por crianças e famílias.

"Pegaram ele na covardia, aqui cheio de criança, veio polícia disfarçado, começou a dar tiro aqui na rua, poderia ter baleado uma criança, deram cinco tiros na cara dele, deixaram ele caído na escada", disse uma das testemunhas.

"Não tinha arma nenhuma, tiraram a vida dele a troco de nada. Deram tiro no casarão com um monte de criança dentro, com um monte de família dentro", relatou outra testemunha.

Na noite desta segunda-feira, de acordo com a Polícia Civil, agentes da 5ª DP (Mem de Sá) foram até a região para cumprir um mandado de prisão por roubo, quando um homem, identificado como Emanuel Ramos de Oliveira, de 20 anos, teria reagido à ação dos policiais, sendo baleado e morto. Segundo a polícia, Emanuel tem 15 anotações criminais, por tráfico de drogas e roubo.
Ainda segundo a Civil, com o suspeito foram apreendidas drogas e simulacro de uma arma. Um segundo suspeito, que também reagiu à ação dos policiais, foi baleado, mas conseguiu fugir. Emanuel também era conhecido como "Manuzin".

Houve protesto de moradores nas ruas da região após a ação dos agentes. Um ônibus foi incendiado e barricadas de fogo foram colocadas nas vias. "Não entendi o porquê dessa covardia, já que a justiça está aí para prender e não para matar. Eles não tinham que tirar a vida do garoto. Tiraram por que é negro?", indagou uma moradora.
Uma outra testemunha contou ao DIA que Emanuel estava desarmado e não resistiu a prisão, mas mesmo assim o policial atirou contra ele a queima roupa.

"O policial simplesmente não quis prender, preferiu matar à queima roupa. Se ele tinha ou não 15 anotações pela polícia isso não importa, era uma vida e estava desarmado. Essa atitude policial não tem lógica", disse.

Pedestres, passageiros e motoristas ficaram encurralados nos acessos para o Largo da Lapa e todas as vias na região ficaram interditadas por cerca de duas horas. Às 20h30 todas as vias já haviam sido liberadas.

O policiamento na região foi reforçado na manhã desta terça-feira e o trânsito fluiu normalmente, com a circulação dos ônibus acontecendo regularmente.