Munições que, segundo testemunhas, atingiram veículo onde Letícia estavaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
A vítima, identificada como Letícia Marinho do Sales, de 50 anos, foi socorrida pelo namorado, Denilson Glória, e por Jaime da Silva, primo do casal, que a levaram até a UPA de Ramos, mas ela não resistiu aos ferimentos. Os dois também ficaram feridos com os disparos.
De acordo com Jaime, a vítima foi atingida em um momento em que não havia confronto na região. "Ela foi morta pelos policiais despreparados, desqualificados. Não tinha bandido, não estava tendo tiroteio na rua principal. Nós fomos alvejados. Tinha um carro emparelhando com a gente e nós tivemos que respeitar o sinal. Tinha um policial militar em uma blazer e a policial militar que estava em outro carro, levantou a pistola, com o brasão da corporação deles aparecendo. Mesmo assim, eles deram um tiro numa mulher trabalhadora, que está lá morta por um despreparo policial", diz o homem.
Denilson contou que saía da casa da tia, onde tomou café junto com a namorada, e estava a caminho do trabalho quando Letícia foi atingida.
"Não não estava havendo confronto na hora, até porque essa rua [Estrada do Itararé] é aqui fora, é rua principal, não é dentro da comunidade. A gente saiu, parou no sinal, estava tranquilo parado e simplesmente alvejaram o carro. Alvejaram pra matar mesmo. Tiro foi no retrovisor e bateu no peito dela. Eu mesmo que socorri ela. Peguei meu carro, fui para o UPA e em poucos minutos ela morreu", disse o homem.
Namorado de mulher morta em operação no Complexo do Alemão relata abordagem agressiva da Polícia Militar na comunidade
— Jornal O Dia (@jornalodia) July 21, 2022
Crédito: Reginaldo Pimenta/ ODia#ODia pic.twitter.com/1d1LohD23q
Uma terceira testemunha, que atua como moto táxi na região, afirma ter visto toda a cena do crime que vitimou Letícia.
"Pararam dois carros no sinal, um saiu dando tiro para cima do outro e foi embora, eu me escondi no moto táxi porque os tiros podiam pegar aqui. Isso é covardia, a PM não sabe nem fazer uma abordagem tranquila, mataram a mulher, ela tomou um tiro no peito", relatou.
O homem que acompanhava Letícia e seu namorado, em seu relato, ainda afirmou que os disparos contra o veículo foram feitos com a intenção de matar quem estava do lado de dentro. "O tiro foi dado para matar, foi de propósito, a policial atravessou na frente do nosso carro e deu um tiro. E agora, o que eu vão falar para a família lá dentro [da UPA] chorando? O que eu vou dizer para a filha da mulher? Que por causa da desqualificação dos policiais despreparados, outra inocente levou um tiro no peito?", indagou.
Operação no Complexo do Alemão
De acordo com moradores, os disparos no Alemão começaram no fim da madrugada. Segundo corporação, cerca de 400 policiais estão atuando na operação, também estão sendo usados quatro aeronaves e dez veículos blindados. A ação tem como objetivo coibir a presença de criminosos da região do Complexo do Alemão que vinham praticando roubos de veículos, principalmente nas áreas dos bairros do Méier, Irajá e Pavuna.
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