Missa de São Cristóvão - A igreja católica celebra o dia de São Cristóvão, Padroeiro de taxistas e motoristas nesta segunda-feira(25).Cléber Mendes/Agência O Dia

Rio - Motoristas, taxistas, mas também passageiros e pedestres. Muitos deles, devotos e fiéis, foram à Paróquia de São Cristóvão, no bairro de mesmo nome, na Zona Norte da cidade, para pedir as bênçãos e proteção de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas e taxistas. A programação nesta segunda-feira (25) foi recheada. Missas estão acontecendo desde as 5h30 da manhã e seguem ao longo do dia, uma delas celebrada por Dom Orani Tempesta. Ao final da missa das 19h, fiéis também poderão celebrar a data com o show da Batuque Imperial e da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti. 
Em um dos bancos cheios de fiéis, estava José Antônio Pereira. Morador do bairro e devoto há 67 anos, José Antônio foi à missa pedir proteção pela família. "Sempre peço força para minha mulher, meus filhos. Muita saúde e paz para todos eles", contou. Mas a oração não para por aí: José é motorista há cerca de 45 anos e motociclista há 20. "A oração é dobrada", brincou.
Fernando Cezma, de 52 anos, também foi pedir proteção a São Cristóvão. Mesmo sendo católico desde o nascimento, Fernando conta que a devoção ao santo veio junto com a sonho de infância: ser motorista de ônibus. "Quando eu era criança, sempre dava uma escapadinha da minha mãe para ficar vendo os ônibus saindo da garagem", relembrou. Na missa, pediu a intercessão de São Cristóvão pela família e pelo país. "Vim pedir proteção pra minha família, pelo nosso Brasil, pela situação que estamos vivendo, pelo mundo também, pelas guerras e pandemias", afirmou.
Há 52 anos, São Cristóvão divide a data com a Ana Cristiane dos Santos. Sendo sua primeira vez na Paróquia, Ana foi celebrar mais um ano de vida e pedir a proteção do santo. "É uma grande felicidade de estar com Deus, na casa do Senhor, celebrando essa data tão importante, o meu aniversário, e celebrar também o dia de São Cristóvão e de São Tiago Maior", disse animada: "Vim agradecer pelo dom da minha vida, a vida dos meus filhos e minha neta".
Alguns fiéis vieram rezar também pelos outros. "Pedi proteção pra mim, pra todos da minha família e para todos que andam por aí. A gente também tem que rezar com eles, para que não entrem em um acidente com a gente. Não adianta só a gente, tem que pedir pelos outros também", explicou Cristina Mangia. Devota há 25 anos, Cristina passava sempre na Paróquia antes de ir para o trabalho para benzer o carro. A devoção veio ao ouvir a história: "me impressionou muito. Amei a forma que ele carregou Jesus".
"São Cristóvão é muito procurado pelos motoristas por fazer a travessia, por servir de condutor na travessia de Jesus Cristo, e também esperando a fé do povo carioca para atravessar as dificuldades da vida", contou o padre Victor Hugo. O sacerdote explicou como São Cristóvão, ao atravessar sem saber o menino Jesus para a outra margem do rio, serviu de inspiração para os devotos. "Nós temos esses que levam também, ajudando todas as pessoas atravessarem as dificuldades da vida", disse.
Ao longo do dia, o padre benzeu a todos que desejavam um pouco da intercessão do santo: "teve a benção dos carros e das chaves, mas também quem tiver qualquer veículo, seja um skate, uma bicicleta, até um patins é bem-vindo", falou. Para além das rezas, o dia também foi de consciência, segundo o padre Victor Hugo. "Também há esse apelo social, essa conscientização dos motoristas para serem atentos, mais prudentes, porque assim como São Cristóvão levou Menino Jesus, a gente entende que a gente também leva os nossos irmãos", concluiu.
História de São Cristóvão
De acordo com o catolicismo, antes da conversão, São Cristóvão atendia pelo nome de Réprobo. Descrito como homem forte e alto, trabalhava como guerreiro para o Rei de Canaã. Ele, porém, não estava muito satisfeito com a posição em que se encontrava. Queria servir a um patrão mais poderoso.
Durante uma festa, viu que o seu superior fazia o sinal da cruz toda vez que, em diversas músicas, era citado o nome do demônio. Pensou então que deveria ir atrás e servir ao demônio, tamanha devia ser sua força e poder.
Réprobo foi atrás do demônio, o encontrou no deserto. Viu porém que ao encontrar uma cruz, o demônio fugiu, cheio de pavor. O homem concluiu então que, maior do que o demônio, devia ser aquela figura ligada à cruz. Descobriu que o seu futuro rei e senhor, a quem queria seguir, se chamava Jesus Cristo.
Após pedir um conselho a um sábio sobre como encontrá-lo, o eremita lhe falou para ficar à margem da beira de um rio, para ajudar na travessia das pessoas. Em um determinado dia, um menino pediu ajuda a Réprobo para fazer a travessia. Enquanto caminhava com o menino nos ombros, o homem reparou que a criança era muito pesada e que demandava ao máximo suas forças. Ao chegar no destino, o menino revelou sua identidade: Jesus Cristo. Depois desse encontro, Réprobo foi nomeado como São Cristóvão, sendo conhecido como "portador de Cristo". 
*Estagiária Beatriz Coutinho sob a supervisão de Flávio Almeida