Cadela Macarena, usada pelo suspeito para intimidar as vítimas de assaltoDivulgação

Rio - Um homem foi preso suspeito de utilizar uma cadela para intimidar e assaltar pessoas na Zona Sul do Rio. Identificado como Allan Kardec Areas Santos, de 42 anos, ele teria feito pelo menos cinco vítimas, sendo duas delas uma policial civil e um militar.
Segundo a polícia, Allan Kardec é uma pessoa em situação de rua que ocupava as calçadas de vários bairros ao lado de sua cadela, Macarena, principalmente o Jardim Botânico, Ipanema e o Leblon. As investigações apontam que o homem ordenava que a cachorra atacasse as vítimas que tentassem reagir ao assalto. A prisão ocorreu no último sábado (23).
De acordo com a delegada titular da 14ª DP (Leblon) Daniela Terra, responsável pelo caso, o homem tem cerca de 10 anotações criminais desde 1997.

"Ele frequenta a Zona Sul andando com animais e já teve passagem por maus-tratos, lesão corporal, desacato, uso de droga, furto e agora nesses últimos tempos, ele fez cinco vítimas com essa mesma cadela", contou ela.

O homem foi preso com auxílio de agentes do Segurança Presente em parceria com policiais militares e civis. "Nós pedimos a prisão dele e a busca e apreensão da cadela, para que ela possa ser colocada em um lar que pudesse dar tratamento adequado pra ela. Ele [Allan] estava desaparecido por um tempo, porque ficou sabendo do mandado, mas aí no sábado a gente conseguiu localizar, fizemos a prisão e a cadela foi encaminhada para um abrigo, para uma tutora que vai tomar conta dela", explicou Daniela Terra.

Macarena, da raça pastor belga malinois, foi apreendida e levada para um lar temporário, através da Subsecretaria Estadual de Proteção e Bem-Estar Animal. De acordo com os novos responsáveis pelo animal, ela é dócil e obediente.

O subsecretario Estadual de Agricultura, responsável também pelas políticas Públicas de Proteção e Bem-Estar Animal, Leonardo Pinto, foi acionado pela polícia e compareceu ao local da ocorrência.

"No dia da prisão, a delegada Daniela Terra nos comunicou, levamos a cadela para uma clínica veterinária, realizou os exames e em seguida a deixamos em um lar temporário, onde está nesse momento em um lugar seguro. A nossa preocupação e atuação é em relação ao bem estar do animal", disse Leonardo.

A inspetora da Polícia Civil Clarissa Huguet contou sobre o ataque que sofreu enquanto estava na praia, no dia 18 de junho. Segundo ela, estava com uns amigos quando foi avisada que seu cachorro, o Scooby, estava sendo levado por um homem.

"O meu cachorro fica de coleira e placas de identificação, ele é um vira-latinha pequeno, totalmente adestrado. Quando eu olhei, esse homem já estava há cinquenta metros arrastando meu cachorro e com a cadela dele, a Macarena, ao lado. Eu saí correndo, interpelei o homem e falei: 'você devolve meu cachorro, esse cachorro é meu'. Daí ele falou que não ia devolver. A Macarena já tentou me morder, acho que ela entendeu que ele estava sendo agredido. E então eu consegui tirar a guia do meu cachorro, quando senti muita dor, olhei e a Macarena estava com a boca dentro da minha perna, ficou bastante machucado", expôs.

De acordo com ela, após a confusão e o ataque, Allan conseguiu fugir do local enquanto ela precisou ir até o hospital tomar pontos no ferimento.

"Aconteceu mais ou menos meio-dia, eu saí do hospital à noite. Tomei acho que doze injeções e aí foi que comecei a correr atrás para identificar o homem. Então começaram a surgir várias pessoas mordidas pela cadela, mandando foto e falando que queriam eh ajudar a dar informações a polícia", disse ela, e completou. "Eu me senti num filme. A coisa era tão surreal, a pessoa estar roubando um cachorro que eu adotei aos três meses de vida. Está comigo há nove anos aqui, como um filho", lamentou a inspetora.

O caso está sendo investigado pela 14ª DP (Leblon). Allan vai responder por roubo impróprio, que consiste na utilização de instrumento, ou seja, a cadela, para conseguir roubar os objetos.

Macarena está em um lar temporário e disponível para adoção responsável.