Vereador de São Paulo Renato Oliveira vira réu por crimes de injúria racial e resistência à prisãoDivulgação

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o vereador de São Paulo Renato Oliveira (MDB) por injúria racial, após o parlamentar fazer xingamentos racistas a um funcionário de um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. A decisão foi acolhida pelo juiz Aylton Cardoso Vasconcellos, da 2ª Vara Criminal de Jacarepagua, no dia 13 de junho. O vereador também se tornou réu pelo crime de resistência à prisão.
O caso aconteceu no dia 23 de janeiro e, de acordo com testemunhas, Renato estava na piscina quando foi advertido sobre o uso de caixas de som dentro do condomínio. Bastante alterado, ele teria iniciado uma discussão com o funcionário Izac Gomes de 52 anos, passando a ofendê-lo com palavrões de cunho racial. Um policial militar precisou entrar na piscina para retirá-lo do local, mesmo assim, ele tentou resistir.
O vereador, que atualmente é presidente da Câmara Municipal de Embu das Artes, interior de São Paulo, chegou a ser preso, mas foi liberado em seguida. Já o funcionário foi demitido dois dias depois do ocorrido.
Funcionário está desempregado há seis meses
Ao DIA, Izac contou que desde que foi demitido não consegue mais nenhum emprego. Além disso, precisou buscar ajuda psicológica para lidar com o fato de ter sido xingado por quatro horas seguidas pelo vereador de São Paulo. "Eu continuo desempregado, ainda não consegui nada. Está muito difícil, mesmo com a minha experiência de tantos anos como supervisor operacional. Isso tudo virou minha vida de cabeça para baixo, mexeu muito com o meu emocional. Eu já era ansioso e piorou. Ando sempre atento na rua, sempre olhando para o lado", desabafou.
A vítima acredita que a Justiça será feita e que Renato vai responder pelos crimes que cometeu. "A Justiça ela é tarda, mas ela age. Eu acredito nisso. Ele tinha que ser exemplo e servir ao povo e não castigar o povo usando o cargo dele. Que ele pague pelo erro que cometeu", disse.
A presidente da Comissão de Trabalho da Alerj , Mônica Francisco, não descarta a possibilidade da demissão estar relacionada à denúncia e repercussão do caso. Na ocasião, o condomínio Estrelas Full ofereceu apoio jurídico a Izac, no entanto, após o seu desligamento, o funcionário deixou de receber assistência, por isso procurou ajuda na Alerj.
Izac alega que em quatro anos de empresa nunca tinha recebido nenhuma advertência. Procurado, o condomínio disse na época do ocorrido que o ex-colaborador foi dispensado por razões alheias ao fato ocorrido com o vereador em 23 de janeiro de 2022.
A defesa do vereador Renato Oliveira informou que "nenhuma prova foi apresentada a respeito da acusação de injúria racial". Informou ainda que duas testemunhas que estavam no local dizem que não houve qualquer fala de cunho racial. "O condomínio tinha dezenas de câmeras, além de diversos celulares ao redor, nenhuma imagem mostra Renato sequer falando com o chefe da segurança", completou a defesa.