Largo do Boticário depois de passar por restauração e se tornar um hotel "Open House"Vanessa Ataliba/Agência O Dia

Rio - Após passar anos abandonado, o Largo do Boticário, complexo de casas neocoloniais localizado em Cosme Velho, na Zona Sul do Rio, voltou a ser um point turístico na cidade. As casas construídas no local se transformaram em uma hospedagem estilo "Open House", que visa atender a todo tipo de público, e diariamente o espaço recebe diversos cariocas e turistas.

Nelson de Souza, de 60 anos, esteve no largo para conhecer as novas dependências do local e destacou a importância de sua restauração. "A importância é evitar o abandono, a invasão, a degradação, que as pessoas viessem depredar. Mas também é a vivificação, o resgate histórico de um ambiente tão bonito, tão natural. Eu acho que todos os cariocas e as pessoas que vem visitar o Rio, têm a oportunidade de estar num local muito lindo e com muita natureza", disse ele.
Com a revitalização, os cariocas e turistas puderam redescobrir o Largo do Boticário e toda a beleza do ambiente. Luiz Ulrich, de 56 anos, é brasileiro mas mora nos Estados Unidos. No momento, ele está a passeio no país e optou por se hospedar no novo hotel da cidade. De acordo com ele, em uma visita há alguns anos, o local tinha uma aparência de destruído.

"Eu vim aqui tem uns anos e estava horrível, estava muito ruim. Fiz até umas fotos e parecia totalmente destruído e agora está muito bonito. Está sensacional. Eles fizeram um projeto arquitetônico muito bom. Só tem que manter agora", falou Luiz.
Para Geovane Freitas, de 43 anos, a revitalização foi um motivo para ir passear com a família e conhecer o ponto turístico. "Eu vi uma reportagem na televisão sobre o Largo do Boticário, que estava abandonado e sendo revitalizado, então decidi vir com a minha família para conhecer o tão falado largo", contou.
O Largo do Boticário está localizado na Rua Cosme Velho, no bairro de mesmo nome, e o acesso se dá por meio de uma rua estreita, denominada Travessa ou Beco do Boticário.
História do Largo até a revitalização
O nome foi dado ao local no início do século 19, quando o o boticário Joaquim José da Silva Souto comprou uma casa na região. O Largo do Boticário ganhou importância pois os principais clientes de Joaquim eram membros da elite carioca e da família real. Anos depois, os imóveis foram vendidos para outras pessoas.

Em 1920, o fundador do jornal Correio da Manhã, Edmundo Bittencourt, comprou o terreno e reformou o conjunto de casas. Em 1987, o Largo do Boticário foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC).

Mesmo sendo patrimônio estadual, o largo ficou abandonado por aproximadamente dez anos, tornando-se local de abrigo para diversas pessoas em situação de rua. Até que, em 2018, a rede hoteleira Accor comprou as sete casas do conjunto para reformá-las e transformá-las em um Open House, mantendo as características originais das construções e da floresta nativa ao redor.
Batizado de "Jo&Joe Rio de Janeiro", o empreendimento, que foi inaugurado no dia 19 de julho deste ano, mescla os conceitos de hotel tradicional e hostel. Depois da revitalização, o local conta com 80 quartos e apartamentos, que podem hospedar de uma a oito pessoas, além de ter 320 camas.
O mais novo hotel da cidade conta com acesso exclusivo para hóspedes a uma loja de produtos naturais e uma lanchonete, além de conter um restaurante, bar, três piscinas, quadra de basquete e espaço de coworking. Neste caso, as partes são abertas ao público em geral.
Outros pontos turísticos do bairro

Além do Largo do Boticário, Cosme Velho tem diversos outros locais considerados pontos turísticos cariocas, como a Casa Roberto Marinho, a Bica da Rainha e a casa do jornalista e escritor Austregésilo de Athayde.

A Casa Roberto Marinho, bem próximo ao Largo do Boticário, fica aos pés da Floresta da Tijuca e do Cristo Redentor, além de abrigar uma vasta coleção de obras de arte brasileiras e estrangeiras. O casarão que acolheu o fundador da Rede Globo até a sua morte e, posteriormente, sua viúva, Lily Marinho, foi transformado em centro cultural.

A Bica da Rainha é a primeira fonte de águas ferruginosas utilizada no Brasil e tem, originalmente, o nome de Águas Férreas. O local ficou famoso no período em que Carlota Joaquina, esposa do príncipe regente Dom João VI, visitava com frequência o lugar. A fonte recebeu o nome após as primeiras obras feitas no local e por ser destinada a visitantes da realeza brasileira. O local foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no livro de Belas Artes e no livro Histórico.

Já a casa do jornalista e escritor Austregésilo de Athayde, presidente mais longevo da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, em 1948, teve uma placa em sua homenagem colocada no imóvel onde morou, na Rua Cosme Velho 599, pela Prefeitura do Rio, tornando-a patrimônio cultural da cidade.
*Colaborou Vanessa Ataliba