Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Cidade Universitária, Zona Norte do RioLuciano Belford/Agencia O Dia

Rio - Para adequação das contas públicas ao teto de gastos, o Governo Federal fez cortes no orçamento já acertado para 2022. Dentre as pastas que sofreram perdas, está a da Educação. Segundo Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, a universidade precisou fazer acordos com empresas para que não houvesse corte de água e eletricidade. Outros contratos, no entanto, não serão pagos caso a situação não seja revertida.
Em entrevista ao DIA, Raupp afirmou que corre risco de ser necessária a paralisação total das atividades da universidade por falta de verba, que acaba já no mês que vem. O Hospital Clementino Fraga Filho, administrado pela UFRJ, na Ilha do Fundão, Zona Norte, terá de fechar 84 leitos até setembro deste ano. Além disso, cerca de 450 profissionais terão os contratos cancelados.
O Hospital Universitário é o maior hospital do Rio de Janeiro em volume de consultas, principalmente de ambulatórios especializados em alta complexidade. Por dia são realizados no hospital cerca de 800 atendimentos ambulatoriais e, em média, 20 cirurgias. Além de mais de 300 pesquisas em andamento.
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - Gilvan de Souza/Agência O Dia
Hospital Universitário Clementino Fraga FilhoGilvan de Souza/Agência O Dia
"Nossa tentativa de expor a situação à sociedade e sensibilizar o governo é para que não tenhamos que deixar os alunos sem aula e, no caso do hospital, os pacientes sem atendimento. Por decisão política do governo, preferiram cortar dinheiro da educação e da ciência do que parar de gastar com emendas de relator, orçamento secreto e afins. A UFRJ só tem condições de permanecer aberta, caso o Executivo reconsidere", comentou.
Esse corte é diferente dos outros que ocorreram, pois o governo já tinha estipulado o orçamento para o ano, o que ocorre sempre no ano anterior. Com isso, a universidade celebrou contratos que ela saberia que poderia honrar baseado no que já estava destinado que receberia. No entanto, explicou Raupp, por força da lei do teto de gastos, o governo cortou parte do orçamento no decorrer do ano, deixando a UFRJ sem recursos para pagar suas contas a partir de setembro.
"Alguns pagamentos conseguem ser jogados para ano que vem, mas o governo avisou que o corte será maior em 2023. Nós nos reunimos com a Light e Águas do Rio, pois não temos dinheiros para pagá-las já este mês de agosto, como forma de fazer com que não cortem nossa água nem nossa luz. Nossa missão é fazer de tudo para manter a universidade aberta", disse.
Procurado, o MEC não se posicionou até a conclusão desta reportagem.