A assinatura in memoriam de Betinho pode ser testemunhada no Rio, mas também em outras cidades do país: "Betinho nos deixou como legado a importância da solidariedade e da cidadania", afirmou seu filho DanielProjetemos

Rio - "Só a participação cidadã é capaz de mudar o país", afirmava Hebert José de Souza, o Betinho, que nesta semana uniu-se às vozes de mais de 800 mil brasileiros a favor da Democracia. O sociólogo, in memoriam, assina a Carta em defesa do Estado Democrático de Direito, que será celebrada na mesma semana em que a sua morte completa 25 anos.
Betinho teve uma vida dedicada à promoção da cidadania e à luta em defesa da democracia. Em 1993, fundou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, mobilizando milhares de pessoas dispostas a fazer a diferença na vida de quem não tinha o que comer.
"Betinho nos deixou como legado a importância da solidariedade e da cidadania, e não tenho nenhuma dúvida que ele seria um dos primeiros a assinar a Carta, assim como todos nós da Ação da Cidadania o fizemos", afirmou Daniel de Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania e filho do ativista.
Apesar da assinatura ser in memoriam, ela poderá ser testemunhada em diversas partes do país, como as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Tefé, no Amazonas, além de representar as mais de 33 milhões de pessoas que hoje não têm o mais básico dos direitos humanos: a alimentação.
"Ele falava que a democracia é incompatível com a miséria, o que é mais atual do que nunca. Não bastassem 15% dos brasileiros que não têm o que comer, a própria democracia e o estado de direito estão sendo atacados pelo presidente da República, que jurou preservar e defender a Constituição", completou Daniel.
Além do combate à fome, o sociólogo também se dedicou à conscientização do vírus HIV e Aids, inaugurando, na década de 1980, um dos primeiros centros de estudo da doença no Brasil, chamado Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids. Infelizmente, em agosto de 1997, o sociólogo foi mais uma vítima da Aids. Aos 61 anos, ele morreu em consequência de uma hepatite do tipo C, adquirida com a doença.
A Carta reúne assinaturas de artistas, políticos, empresários, magistrados e outros representantes da sociedade civil, como uma forma de posicionar-se diante dos ataques contra as urnas eletrônicas e o atual sistema eleitoral.
Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania, falou da importância da assinatura: "alimentar a desconfiança do cidadão às vésperas de uma eleição tão importante vai em desencontro a tudo o que estamos lutando nesses últimos anos. Vivemos tempos difíceis, com mais da metade da população em insegurança alimentar, perda de programas sociais e economia em retrocesso. Enquanto alguns preferem propagar a discórdia sobre um sistema totalmente confiável e que existe há anos, a população segue desamparada".