Projeto "Arte de transformar – Ainda dá tempo" tem objetivo de fazer com que os socioeducandos conheçam o Hip Hop como uma nova perspectiva de vida.Divulgação

Rio - A Fiocruz divulgou o resultado da pesquisa realizada em parceria técnica com o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) sobre os impactos da covid-19 nos presídios. Os números apresentados mostram que a pandemia provocou um aumento de 20% nos óbitos, sendo o coronavírus, ainda hoje, uma das principais causas de morte entre presos, mesmo após a vacinação. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou que toda a população prisional recebeu a primeira dose e que, atualmente, estão na segunda dose de reforço dos presos até 40 anos. A pasta segue o calendário do município do Rio.
Os dados foram apresentados no evento "Mortalidade nas prisões do Estado do RJ em tempos de Covid-19: apresentação dos resultados da pesquisa da ENSP/Fiocruz em cooperação técnica com o MPRJ”, que aconteceu na quinta-feira passada (11). O debate contou com a pesquisadora da Fiocruz, Alexandra Sanchez.
"Foi uma pesquisa grande, na qual precisamos construir todo um banco de dados, o que requereu um trabalho quase artesanal", destacou Alexandra sobre a metodologia, com os dados tendo sido recolhidos entre 2020 e 2022.
Os cientistas buscavam alternativas para viabilizar as diretrizes elaboradas pelo Ministério da Saúde, como lavar as mãos e o isolamento social, que poderiam não ser aplicadas nas unidades em decorrência das suas estruturas, em especial pela superlotação das celas e do uso escasso de água.
De acordo com a Seap, 26 detentos foram vítimas da covid-19. Em 2020, eram 54 mil detentos, entre condenados e provisórios. Atualmente, são cerca de 43 mil pessoas privadas de liberdade.
Além da covid-19, Alexandra falou também sobre as principais dificuldades na obtenção de dados, devido à alteração das responsabilidades para a declaração do óbito de pessoas privadas de liberdade (PPL) durante a pandemia, e à ausência de marcadores nas Declarações de Óbito que permitam identificar que se tratava de pessoa custodiada pelo estado.
A pesquisadora também alertou para o fato de que as doenças infectocontagiosas curáveis seguem figurando entre as principais causas das mortes dentro das prisões. Isso aponta, por um lado, para a existência de deficiências no atendimento à saúde nos seus diversos níveis de atenção, e, por outro, para a possibilidade de diminuição sensível do quadro de mortes a partir da adoção de processos e rotinas básicas do atendimento em saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS).