O médico cirurgião Bolivar Guerrero foi preso no dia 18 de julho acusado de manter Daiana em cárcere privado no Hospital Santa BrancaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
MPRJ denuncia cirurgião que manteve paciente em cárcere por tentativa de homicídio
Técnica de enfermagem também foi denunciada pelo órgão
Rio – O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, nesta quinta-feira (18), o cirurgião plástico equatoriano Bolivar Guerrero Silva, de 63 anos, e a técnica de enfermagem Kellen Cristina de Queiroz dos Santos por tentativa de homicídio qualificado contra a paciente Daiana Chaves Cavalcanti. Segundo o MP, foi pedida a prisão preventiva do médico.
De acordo com a denúncia, o médico realizou cirurgias para fins estéticos nas nádegas, costas e abdômen de Daiana que, em razão de complicações causadas pelos procedimentos, retornou ao hospital na semana seguinte com dores abdominais e inflamação dos pontos de sutura. Após idas e vindas ao hospital, em virtude das complicações decorrentes das cirurgias, a vítima, que apresentou agravamento de seu quadro clínico, foi novamente internada.
Mesmo estando debilitada, com anemia, hipotireoidismo e hipertensão arterial sistêmica, Bolivar, de maneira livre e consciente, sem exigir exames que atestassem os riscos a que ficaria exposta caso outra cirurgia fosse realizada, e sem observar a evolução do quadro médico da paciente, submeteu Daiana a mais uma abdominoplastia, para corrigir os danos decorrentes da primeira cirurgia.
“Ao fazer a nova cirurgia, o denunciado conhecia a possibilidade de provocar a morte da paciente e consentiu na produção desse resultado, enquanto se mostrou completamente indiferente às suas condições de saúde”, diz um trecho do documento.
Ainda segundo a denúncia, o cirurgião constatou que não conseguia reverter o quadro clínico que se agravou e, visando ocultar as consequências de sua conduta, recusou-se a transferir a paciente para outro hospital. Já a técnica de enfermagem, Kellen Cristina de Queiroz dos Santos, teria convencido Daiana a realizar a cirurgia mesmo estando debilitada, além de estar presente durante a realização do ato cirúrgico, sem qualquer capacitação técnica para participar do procedimento.
Relembre o caso
A denúncia contra Bolivar Guerrero aponta que Daiana era mantida em cárcere privado no Hospital Santa Branca, em Caxias, após um procedimento estético na barriga dela ter dado errado. Ela havia realizado uma abdominoplastia no início de março e precisou voltar em junho para se submeter a mais três intervenções. No retorno, contudo, o procedimento apresentou problemas e ela teve complicações com um dos pontos da barriga necrosado.
Após a prisão do cirurgião, outras vítimas compareceram à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), em Duque de Caxias, para denunciar o médico. Elas o acusam de lesão grave e apontam erros em suas cirurgias.
Em junho, Bolivar Guerrero teve sua prisão temporária prorrogada por mais 25 diasa pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Apesar disso, a juíza que presidiu a audiência, Rachel Assad, entendeu que a prisão do médico se encontrava em situação legal, ela manteve a situação dele como temporária e deixou para o juízo natural do caso avaliar a situação quando o prazo estiver próximo de expirar.
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