Rio - Casado, pai de três filhos, ex-sargento da Polícia Militar e cristão. Essas são as características do vereador Chagas Bola (União Brasil-RJ), o único que votou contra a cassação do mandato do youtuber e ex-policial militar, Gabriel Monteiro (PL) na última quinta-feira, 18. Com 48 votos a favor, Gabriel Monteiro teve seu mandato cassado e é investigado por filmar e ter relações sexuais com uma adolescente de 15 anos, estupro e por forjar vídeos na internet.
Ao DIA, o vereador disse que já existia uma disponibilidade prévia do vereador Chico Alencar, relator do caso, de elaborar um parecer a favor da cassação de Gabriel Monteiro. Isso porque, na sua visão, já havia indisponibilidades anteriores entre Gabriel Monteiro e Chico Alencar. “Ele deveria ser declarado impedido de ser o relator”, disse.
Segundo o vereador, a pena aplicada a Gabriel Monteiro é muito dura comparada às ações de quebra de decoro. “Se fosse uma votação de suspensão eu seria a favor, mas a cassação de Gabriel foi excessiva. É como alguém ir para a cadeira elétrica porque avançou um sinal vermelho. Até porque ele ainda não foi condenado na justiça. Se ele tivesse sido condenado na justiça eu seria o primeiro a defender que ele deveria ser cassado”, completou.
Por fim, Chagas cita o fato de que um número grande de vereadores esperava na sala inglesa, sala anexa ao plenário da câmara, e pretendiam se abster da votação. Porém, quando o número de votos atingiu os dois terços favoráveis à cassação de Gabriel, estes vereadores entraram no plenário e também votaram pela cassação. “Eu fui o único que teve coragem de votar de acordo com minhas convicções e não de acordo com a conveniência”, finalizou.
Nas redes sociais, o vereador Chagas Bola se identifica como cristão, a favor da família e patriota. Bola foi eleito o primeiro suplente do PSL na última eleição e assumiu em abril o lugar do ex-vereador Rogério Amorim (PSL-RJ).
Antes de ser eleito vereador em 2020, Chagas tentou disputar pelo mesmo cargo em 2016, mas fracassou. Na primeira tentativa, como candidato a vereador pelo PSC, conseguiu somente 3.537 votos e não foi eleito. Em 2018, tentou uma vaga de deputado federal pelo PSL e teve 28.135 votos, o que garantiu a segunda suplência do partido. Já em 2020, foi o segundo mais votado da legenda para vereador do Rio, com 6.164 votos, ficando com a primeira suplência.
No início deste mês, o vereador lamentou a morte de um colega policial e, em postagem nas redes sociais, questionou a existência dos direitos humanos para os policiais. "Meu irmão de farda foi enterrado hoje. Não vi noticiários, não vai haver comoção no jornal, a gl0bo LIX0 não vai te lembrar todo mês, não vai ter ONG procurando a família, NÃO VAI EXISTIR DIREITOS HUMANOS porque ele era POLICIAL e não faz o estereótipo que “eles” defensores das “vítimas da sociedade” gostam. Eu repudio todos vocês que apoiam vagabundos! Sua morte não será em vão, irmão!", escreveu.
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