A delegada da 146ª DP (Guarus), Madeleine Farias, realizou coletiva na noite desta quinta-feira (01)Foto: Reprodução TV Globo

Rio - Um casal foi preso por agentes da 146ª DP (Guarus) e da Polícia Militar, na tarde desta quinta-feira (01), na cidade de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense, suspeitos de estuprar e matar a própria filha de 2 anos. O caso passou a ser investigado após a mãe dar entrada com a vítima, supostamente desacordada, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guarus, bairro da cidade vizinha, Campos dos Goytacazes. Os médicos que atenderam a menina desconfiaram de outras lesões e chamaram a polícia militar. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Na noite de quarta-feira (31), por volta das 20h30, a mãe levou a criança, desacordada, ao hospital. Quando os profissionais se depararam com o estado da menina, tentaram reanimá-la, no entanto, sem sucesso. Enquanto faziam o atendimento, a equipe desconfiou de lesões no rosto, no pescoço, na cabeça, no quadril, e nas costas da criança e acionou a Polícia Militar.
Os policiais ouviram a mulher, que contou ter saído para comprar café e deixado a criança com o padrasto. Ao retornar para casa, encontrou a filha no colo do padrasto convulsionando e, então, a levou à unidade para ser socorrida. Já o padrasto relatou que, ao levar a enteada ao banheiro, ela teria caído e batido a cabeça no chão, o que, segundo o homem, causou as convulsões. Ele disse, ainda, que teria "desenrolado a língua da criança e jogado água".
O corpo da vítima foi, então, conduzido então ao IML, para realização de perícia. Os peritos verificaram que a criança possuía lesões anteriores ao dia anterior, além de rompimento do hímen e fissura recente no ânus, o que indicava um possível espancamento, além de abuso sexual da menina.
A delegada Madeleine Farias, da 146ª DP (Guarus), responsável pela investigação, pediu a prisão do casal, por conta das lesões encontradas no corpo da criança. Após realizarem diligências para localizarem os suspeitos, os policiais os encontraram em uma casa de praia no bairro de Santa Clara, na cidade vizinha de São Francisco de Itabapoana. Ela concedeu uma coletiva à imprensa na noite desta quinta-feira (01).
"Com base nesses fatos, nós pedimos a prisão preventiva da dupla por trinta dias, o que foi prontamente acatado pela Justiça, para terminarmos a diligências e concluir o inquérito. Mas, quero ressaltar que ninguém faz nada sozinho", disse a delegada, que agradeceu aos médicos do hospital que "foram eficientes e rápidos, com depoimentos precisos que facilitaram a investigação".
De acordo com Madeleine, não há dúvidas que a menina foi espancada. "A morte dela foi decorrente de uma hemorragia contundente pela laceração do fígado e do baço. A gente não sabe se com chute ou instrumento contundente, no entanto, estamos certos de que ela foi abusada e espancada”, disse.
A delegada contou ainda que o casal fugiu após prestar depoimento e a mãe sequer compareceu ao sepultamento da criança, o que gerou desconfiança dos investigadores. Além disso, a "omissão" dela foi determinante para que o crime acontecesse.
Outro ponto que causou espanto foi a frieza da mãe em relação à morte da filha.
"Em nenhum momento ela chorou, ou se lamentava. Além disso, passou grande parte do depoimento em cochichos com o companheiro. Sugerindo que, de fato, ela sabia o que tinha acontecido", disse a delegada.
Perguntada se a dupla tinha outros registros na polícia, Madeleine afirmou que apenas o padrasto possui uma passagem por roubo. Além disso, ele admitiu o uso de cocaína antes do crime.
O casal foi indiciado por homicídio e estupro qualificados, e enquadrados na Lei 14.344 de 2022, também conhecida como Lei Henry Borel, sancionada em 24 de Maio de 2022, que torna em crime hediondo o homicídio contra menor de 14 anos e estabelece medidas protetivas específicas para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e familiar.
A assessoria da Polícia Civil ainda não informou se o casal foi conduzido para o sistema prisional.