Chefe do tráfico da comunidade Cinco Bocas, no Complexo de Israel, é morto em confronto com a polícia
Loran de Azevedo Freaza, o 'Marron', era acusado de sequestrar e matar oito jovens na comunidade. Um segundo criminoso também morreu na ação.
Loran de Azevedo Freaza, mais conhecido como Marron, chefe do tráfico de drogas da comunidade Cinco Bocas, em Brás de Pina. Favela pertence ao Complexo de Israel - Divulgação
Loran de Azevedo Freaza, mais conhecido como Marron, chefe do tráfico de drogas da comunidade Cinco Bocas, em Brás de Pina. Favela pertence ao Complexo de IsraelDivulgação
Rio - O traficante Loran de Azevedo Freaza, de 29 anos, o 'Marron', apontado como chefe do tráfico da comunidade Cinco Bocas, no Complexo de Israel, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, morreu durante um confronto com policiais do 16º BPM (Olaria), na manhã deste domingo (4). De acordo com a corporação, equipes estavam em patrulhamento na Praça do Country, em Brás de Pina, quando criminosos armados em motos, e portando fuzis, iniciaram um confronto. O Complexo é formado pelas comunidades Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Pica Pau e Cinco Bocas.
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Ao fim dos disparos, os corpos de dois criminosos foram localizados no chão com uma pistola e um fuzil. Um deles foi identificado como sendo o de Loran. Contra ele constavam três mandados de prisão preventiva por homicídio qualificado, tráfico de drogas e ocultação de cadáver. O segundo traficante baleado, que também foi morto na ação, ainda não foi identificado.
O local foi preservado para perícia, e a Delegacia de Homicídios da Capital foi acionada. A PM informou também que as armas logo foram retiradas do local para impedir uma possível tentativa de recuperação por parte dos traficantes locais.
Quem era Loran, o 'Marron'
Loran era considerado o número 1 da comunidade Cinco Bocas, que pertence ao Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio. O traficante, junto com outros dez criminosos, é acusado de ter sequestrado, executado e ocultado os cadáveres de oito jovens que desapareceram na mesma comunidade, em junho de 2019.
O crime aconteceu durante a invasão de traficantes rivais a mando de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o 'Peixão', chefe do tráfico da Cidade Alta, em Cordovil. Uma testemunha, na ocasião, disse à Polícia Civil que os corpos das vítimas foram cortados e jogados como alimentos para porcos na comunidade Parada de Lucas. Na denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), a versão foi confirmada.
Complexo de Israel
A região é ligada à facção Terceiro Comando Puro (TCP). O local leva este nome por conta do domínio do traficante Álvaro Malaquias, o "Peixão", adepto de símbolos do Estado de Israel, como a Estrela de Davi, e conhecido pela intolerância contra praticantes de religiões de matriz africana. O criminoso é considerado foragido da Justiça e tem dez mandados de prisão pendentes, a maioria por tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
Segundo a Polícia Civil, a religiosidade de Peixão é tamanha que ele se intitula de Arão, o profeta de Deus, irmão de Moisés. O nome foi assumido também pela sua quadrilha que se autodenomina "Tropa do Arão". O próprio nome, Complexo de Israel, seria uma referência a terra prometida, de acordo com as investigações.
Outro exemplo da religiosidade de Peixão está nos símbolos usados para marcar seus territórios: a bandeira de Israel e a estrela de Davi. Esses símbolos geralmente estão colocados em pontos altos das comunidades. Um exemplo está na Cidade Alta, onde foi instalada uma estrela de Davi que pode ser vista há mais de 2,5 km de distância.
Segundo a polícia, a bandeira de Israel tem sido usada também em comunidades gerenciadas pelo TCP em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, e até em Angra dos Reis.
Agentes da Delegacia Especializada em Armas, Explosivos e Munições (Desarme) apuraram que Peixão tem sob seu comando cerca de 300 soldados, divididos entre a Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Pica Pau e Cinco Bocas - comunidades que formam o Complexo de Israel, na Zona Norte. A "Tropa do Arão" possuiria cerca de 200 fuzis.
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