Brigitte Blair e Nilson Raman formam parceria e reabrem teatroPedro Ivo / Agência O DIA

Os bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro já podem respirar aliviados, pois mais um teatro vai abrir suas portas e colocar o seu palco para funcionar. É o caso do Teatro Brigitte Blair, que vai voltar às suas programações depois de mais de dois anos fechado, a partir do dia 16 de setembro, com horários noturnos e diversos tipos de peças além das infantis, como musicais, humor e Stand-up. O local, que tem mais de 55 anos de existência, já recebeu artistas ilustres, como Maria Bethânia no início de sua carreira, em 1965, Paulinho da Viola, Paulo José, Agildo Ribeiro, entre outros.
 
Uma rua bucólica do bairro de Copacabana, Zona Sul do Rio, abriga o teatro Brigitte Blair, com 170 lugares. Em 2019, a dona do local, a atriz Brigitte Blair, fez uma reforma para melhorar o ambiente, no entanto, a pandemia chegou e ela teve que fechar as portas. Dois anos se passaram e, com muitas dificuldades por causa da crise da Covid-19, a atriz cogitou fechá-lo. "Eu não ia mais reabrir, eu queria vender porque a Covid-19 deu muito prejuízo às pequenas empresas. Muitas quebraram e não puderam voltar. Todo mundo teve um grande prejuízo, a prefeitura mandava fechar, abrir, tinha que pedir passaporte sanitário, um monte de coisa daí eu falei que ia fechar, não ia abrir mais, ia colocar a venda", disse Brigitte.
 
A ideia de reabrir o espaço veio através de um incentivo financeiro da Funarj, que abriu um edital para contemplar as pequenas empresas. "Quando eu estava certa de vender, apareceu esse edital para as pequenas empresas e para as pessoas terem condição de voltar a fazer teatro. Nós ganhamos e usamos esse dinheiro para fazer o teatro funcionar, fazer uma reforma, porque estava fechado muito tempo, deteriorando tudo", explicou a atriz. Ela afirmou também que Nilson Raman e Cláudio Botelho a animaram para voltar com os espetáculos, só que dessa vez para um público mais abrangente, não apenas infantil.
 
O projeto original, assinado por Sérgio Bernardes, foi mantido, assim como os 170 lugares da sala, que conta agora com melhorias no palco, no sistema de som, luz, nos camarins e na bilheteria. 
 
"O teatro em Copacabana é uma coisa que, principalmente para o pessoal de idade, você vaia pé por ali pelo bairro, não precisa de condução, é algo mais fácil", declarou Brigitte. "Eu tenho um público muito bom de teatro infantil, quando cheguei ali já tinha esse tipo de espetáculo lá, então é algo certíssimo. Mas, agora vou abrir pra todos os tipos de públicos. Vai ter uma programação muito intensa, muito boa, e eu estou muito feliz da vida. Por enquanto, vamos abrir de terça a domingo com uma diversidade de espetáculos, não só musical", explicou ela. "Minha expectativa é devolver a cultura para Copacabana. Não vai ser muito difícil ser sucesso, pelo contrário, reclamam direto porque fechou", concluiu a atriz.
 
O diretor artístico e residente, Nilson Raman, amigo de Brigitte, afirmou que o estímulo que a Funarj deu foi fundamental para reabrir o teatro. "Eles lançaram um edital para teatro de pequeno e médio porte. É um dinheiro que ajuda bastante, cobre cerca de 35% dos custos anuais do teatro, pelo menos. Foi o que nos fez tocar o projeto", disse. "Convidamos Claudio Botelho e Charles Möeller, grandes diretores de peças musicais no Brasil, e eles toparam nos ajudar. Teremos vários horários de apresentações, com diversos tipos de peças", completou Nilson. "Fico muito feliz de devolver o teatro para a cidade, ali vai ser uma plataforma catalisadora de carreira, vai poder ser palco de muitos shows porque estamos abraçando quem chega buscando parceria", finalizou.
De acordo com a Funarj, os teatros recebem o aporte de acordo com o projeto enviado para o edital e deve executá-lo de acordo com cronograma. Podiam participar os espaços cênicos de território fluminense em funcionamento há mais de 10 anos. As instituições deviam ser destinadas a apresentações abertas ao público em modalidades como: montagem teatral, performances, musicais, entre outros, administrados por pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos.
 
A reabertura do teatro promete esquentar a programação cultural da região. Para o presidente da Associação de Moradores e Amigos de Copacabana (AMACOPA), Tony Teixeira, a cultura é fundamental. "Um povo sem cultura é um povo sem história. Fora isso, com a volta desse teatro, tem a possibilidade de novos empregos para quem precisa, o que é muito importante", disse. "O teatro Brigitte Blair é um templo tradicional de Copacabana e comemoramos sua volta muito felizes. O nosso bairro é símbolo do Brasil em termos de arte e cultura. É preciso estimular a arte porque é isso que nos dá vida. Isso vai fazer bem aos moradores e frequentadores do bairro", completou.
 
Teatro Serrador
 
Além do Teatro Brigitte Blair, em Copacabana, a atriz também tem um teatro no Centro do Rio, chamado Serrador. No entanto, ele está fechado e deteriorado. "Arrendei ele para a prefeitura na época do Eduardo Paes. Nunca na minha vida eu tinha alugado meu teatro, eu sempre fiz minhas produções. Tinha época que eram sete espetáculos em cartaz ao mesmo tempo. Mas, como eu estava em Copacabana com meu teatro que já tava conhecido por seu próprio público, apareceu a prefeitura", disse Brigitte, que entrou para o teatro aos 16 anos e já participou do programa "As Certinhas do Lalau". "O prefeito perguntou se eu tinha interesse de vender, falou que ia fazer o contrato de arrendamento e quatro anos depois ele compraria de mim. A ideia dele era colocar o Serrador no lugar do Teatro Glória que tinha acabado", explicou.
 
A atriz, então, fez o contrato de arrendamento de quatro anos e Eduardo Paes saiu, entrando Crivella. "Nesses quatro anos de Crivella, eles detonaram o teatro todo. O que aconteceu? Até hoje não acertaram nada comigo, o teatro está fechado, precisando de reformas", declarou Brigitte. "Eu falei que ia esperar o Paes voltar e depois, como arrendei para ele, resolver. Tenho certeza que ele vai entender. Eu entreguei o teatro lindo e acabaram com ele. Até hoje a Prefeitura, judicialmente falando, não me entregou de volta. Eu peguei a chave e tranquei. Estou com prejuízo de mais de um milhão de reais nessa brincadeira", finalizou ela.
 
Programação
 
A reabertura dos palcos do Teatro Brigitte Blair contará com uma programação de seis apresentações especiais de 'Herivelto como Conheci', com Totia Meireles, a partir de 16 de setembro.
 
Nos dias 21 e 22 de setembro, a cantora Joyce Cândido se apresentará com Musicais de Chico Buarque. Quarta-feira e quinta-feira, às 20h.
 
Nos dias 30 de setembro e 1 de outubro, Claudio Botelho em Cole Porter e Outros Amores. Sexta e sábado, às 20h30.
 
Nos dias 7, 8 e 9 de outubro, o palco será deMarcio Gomes revivendo Dick Farney. Sexta e sábado, às 20h30. Domingo, às 18h.
 
Nos dias 15 e 16 de outubro, haverá apresentação de Suzy Brasil e Thiago Chagas em Cabaré Comedy Show. Sábado, às 20h30. Domingo, às 18h.
 
No dia 21 de outubro haverá Estreia de 'Brasileiro, Profissão Esperança'
 
Infantil: 'Um Sonho de Musical' Sábados e domingos, às 16h.
 
O teatro fica na Rua Miguel Lemos, 51H e os ingressos poderão ser comprados na bilheteria ou no guichê web. Os valores de quartas, quintas, sextas e domingos são R$ 80 inteira eR$ 40 meia. Sábados R$ 90 e R$ 45. Infantil, R$ 70 / R$ 35
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