Jackeline Oliveira e Luciano Gonçalves, pais de Kethlen, tiveram reunião com o MP-RJ na última quinta-feira, 8Cléber Mendes/Agência O Dia

Rio - O pai e a mãe de Kethlen Romeu, grávida que foi baleada e morta por um tiro de fuzil, em uma operação da Polícia Militar no Complexo do Lins, estiveram em uma reunião com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) nesta quinta-feira (8). Nesta sexta-feira, 9, completa um ano e três meses da morte de Kethlen e os familiares da jovem lutam por justiça para que os policiais envolvidos no crime sejam julgados. 
"A gente se sente mexendo na ferida diariamente. Mais de um ano da morte dela e não conseguimos nem viver o nosso luto ainda porque tivemos que transformar em luta e colocar a dor no bolso", disse Jackelline Oliveira, mãe de Kethlen. "Até hoje os responsáveis pelo assassinato da minha filha e do meu neto, os policiais Marcos Salviano e Rodrigo Frias, não foram condenamos criminalmente. Vivemos em um país que o crime compensa e a certeza da impunidade legitima tantas covardias. Todo esse tempo ainda me sinto vivendo aquele dia", disse.
Segundo Jackeline, a denúncia foi feita, mas ainda não se sabe se o juiz aceitou ou não. "Um caso absurdamente cruel e a sensação é que estamos no mesmo lugar", concluiu. 
A reunião com o MP-RJ foi marcada pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e durou cerca de duas horas. A mãe de Kethlen informou que não pode falar sobre o que foi discutido na audiência e que o processo está em andamento. 
Cinco policiais militares são julgados por fraude processual e falso testemunho. Eles são acusados de alterar a cena do crime antes da chegada da perícia. São eles: capitão Jeanderson Corrêa Sodré, o 3° sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano. Dois deles foram denunciados por atirar em Kathlen, Marcos Salviano e Rodrigo Frias. 
O caso
Em junho, o juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari Machado Manfrenatti, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, cancelou a audiência do caso Kathlen Romeu pela ausência de uma testemunha de acusação que seria ouvida. 
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), ela não compareceu "pois permanece de licença para tratamento de saúde". O Ministério Público ainda vai analisar se desiste ou insiste na oitiva da testemunha.
A primeira sessão do caso aconteceu no dia 16 de maio. Na ocasião, foram ouvidas nove testemunhas de acusação. A avó de Kathlen, Sayonara de Fátima Queiroz de Oliveira, que estava com a jovem no momento do crime, em junho de 2021, foi a primeira a prestar depoimento. Ela contou que o local estava calmo e crianças brincavam na rua quando ouviu barulhos de tiro. Kathlen, que tinha 24 anos e estava grávida, foi atingida por um tiro de fuzil no peito durante uma operação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. As investigações não concluíram quem fez o disparo que matou Kathlen, mas indicaram que quem puxou o gatilho foi um agente da PM.
Relembre a história
A designer de interiores foi atingida por um tiro de fuzil no peito no dia 8 de junho de 2021. As investigações não concluíram quem fez o disparo que matou Kathlen, mas indicaram que quem puxou o gatilho foi um policial militar.
A reconstituição do crime apontou que os cabos da PM Rodrigo Correa de Frias e Marcos da Silva Salviano dispararam durante a ação. Um dos tiros dos policiais atingiu a jovem Kathlen, que morreu no local.