Rio - Quatro anos após o incêndio que destruiu o Museu Nacional, o local ainda está longe de reabrir totalmente para o público. No entanto, desde o último dia 2, visitantes já podem visitar a fachada e o jardim externo do Palácio de São Cristóvão, que foram reinaugurados para o bicentenário da Independência do Brasil. Neste domingo (18), cariocas e turistas aproveitaram para conhecer a antiga residência da Família Real, que fica dentro da Quinta da Boa Vista.
Com entrada gratuita, o Museu abriu três exposições temporárias no saguão do Palácio. Rosana Alves, 49 anos, professora universitária, visitou o local com a filha, Júlia, de 9. "Além de instrutivo, é uma opção de diversão para todos ao ar livre e de baixo custo", disse Rosana.
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Essa é a primeira etapa da reconstrução, que começou em novembro de 2021. O cronograma de obras segue até 2027, quando a reforma deverá ser concluída.
Trinta esculturas centenárias de mármore carrara, que estavam no topo do Palácio de São Cristóvão, serão restauradas e passarão a compor as exposições do museu. No lugar delas foram posicionadas réplicas feitas a partir de tecnologia de impressão em 3D. Das 30 esculturas, oito estão expostas nos jardins do palácio.
A pedagoga Fernanda Pessôa, 45, também esteve no Museu neste domingo e relembrou as visitas ao local durante a infância. "Não é a primeira vez que visito o Museu, já visitei na minha infância quando tinha em torno de 10 anos. Visitas de colégio e em família", contou Fernanda.
É estimado que 85% dos 20 milhões de exemplares do acervo do museu tenham sido destruídos durante as mais de seis horas de incêndio na noite de 2 de setembro de 2018.
Entre os itens resgatados por pesquisadores estão crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo na América do Sul, e o meteorito de Bendegó, o maior já encontrado no país e que atualmente está em exposição na entrada.
Jocelya de Oliveira, 45, funcionária pública de Maceió, Alagoas, está de passagem pela cidade do Rio e aproveitou a oportunidade para visitar o Museu com da filha, Rebeca Brandão, 17. "É um prédio muito bonito que ainda está em recuperação. Existe uma exposição muito interessante de minerais logo na entrada, mas pela exposição é possível perceber que o museu é muito mais que isso. Ela mostra uma parte do que tinha do museu e algumas imagens pós incêndio", elogiou.
O vigilante Niandher de Oliveira, 44, também comemorou a chance de voltar ao Palácio. "Vinha com a minha mãe na infância no Museu e na Quinta da Boa Vista, como de costume do carioca. É motivo de muita alegria poder ver a restauração, ver como tudo está sendo levado a sério. É uma importância muito grande para a nossa história, do nosso passado, da história do nosso país.”, disse Niandher.
O incêndio no Museu Nacional aconteceu após um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no auditório do andar térreo. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o Museu Nacional, vem reivindicando ao governo federal mais recursos para a recuperação e reconstrução desse patrimônio histórico nacional.
Ao relembrar o incêndio, Rosana Alves contou ter chorado ao assistir pela televisão. "Não sei ao certo o que revelou a perícia, mas creio que passa pelo descaso do poder público'', afirmou a professora universitária.
"Eu estive em visita ao museu em julho de 2018, antes do incêndio. Foi um lamento muito grande, eu chorei bastante, principalmente pela proximidade da visita que havia feito. Eu estava me programando para visitar com os meus netos e minhas filhas e não tivemos a oportunidade", lembrou Fernanda Pessoa.
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