O PM Carlos Augusto da Silva seria o intermediário entre os candidatos beneficiados e as pessoas que aceitaram vender seus voto Rede Social

Rio- Um policial militar reformado e mais dez pessoas foram presas nesta quarta-feira (5) por suspeita de  participarem de um esquema de compra de votos no município de Três Rios, no Sul do estado. Além da prática criminosa, o grupo também é acusado de não pagar os valores combinados aos eleitores. De acordo com a Justiça Eleitoral, tanto a venda quanto a compra de votos são proibidas e consideradas crimes.
Nas redes sociais, a falta de pagamento se transformou em revolta. “Compra e não paga, tem que ser preso mesmo”, disse um comentário. "Não deu dinheiro, pau nele. Não adianta que ele não vai ficar escondido", comentou outro.

Segundo a Polícia Civil, o PM reformado identificado como Carlos Augusto da Silva, que é ex-vereador do município, seria o intermediário entre os candidatos beneficiados e as pessoas que aceitaram vender seus votos. Os políticos envolvidos seriam Marcos Tavares (PDT), eleito deputado federal, e Fabrício Baião (Podemos), candidato a deputado estadual, que não conseguiu se eleger.

De acordo com a Polícia Militar, agentes do 38ºBPM (Três Rios) foram acionados para auxiliar no cumprimento de mandado de busca e apreensão por determinação da Justiça Eleitoral. No local indicado no documento, a equipe policial encontrou o PM da reserva e houve apreensão de R$ 18.638 mil em espécie, títulos de eleitores originais e em cópias, comprovantes de votação, envelopes contendo dados dos votantes e um caderno de anotações. Ainda entre os presos está um casal responsável pela residência onde foram localizados os materiais apreendidos.
Materiais como dinheiro em espécie, títulos de eleitores, comprovantes de votação e um caderno de anotações foram apreendidos  - PMERJ
Materiais como dinheiro em espécie, títulos de eleitores, comprovantes de votação e um caderno de anotações foram apreendidos PMERJ


Os suspeitos foram conduzidos para a 108ª DP(Três Rios). A 7ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) também foi acionada para acompanhar a ocorrência.
Essa não é a primeira vez que Carlos Augusto da Silva se envolve com esquemas ilegais, em 2005 ele foi preso acusado de fazer parte da chamada quadrilha da farda, que esteve envolvida em homicídios, tráfico de drogas e roubo de cargas.

Quem vende o voto pode ser preso

De acordo com a Justiça Eleitoral, quem aceita vender seu voto também pode ser preso por até 4 anos. Segundo a legislação, a tentativa de influenciar a vontade do eleitor, com a compra de votos, é crime eleitoral que pode ser punido com a cassação do registro ou do diploma do candidato envolvido, além de multa e da inelegibilidade do político por oito anos. Isto porque, pela lei, o direito do cidadão ao voto livre, consciente e soberano é um bem juridicamente tutelado, devendo quem comete o ilícito sofrer as sanções estipuladas.
Em nota, através do PDT, a equipe do candidato Marcos Tavares, eleito deputado federal com mais de 60 mil votos, informou que não possui qualquer ciência sobre os fatos em apuração, que não dizem respeito a sua campanha.
"O deputado eleito não foi e não é alvo de qualquer operação. Vale salientar, o deputado eleito tem base eleitoral na baixada Fluminense e sequer esteve em Três Rios na última eleição, e, como advogado de formação, jamais compactuou com qualquer ilegalidade", disse o comunicado.
Já Fabrício Baião do Podemos ainda não se pronunciou sobre o assunto.