Além de ser a que mais morre, PM do Rio mata mais do que seis polícias de outros estados somadas
Afirmação é do relatório da Rede de Observatórios da Segurança, que monitorou mais de 21 mil eventos violentos em sete estados
Segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança Pública, Polícia do Rio é a que mais mata e mais morre, se comparada a outros seis estados somados - Pedro Ivo / Agência O Dia
Segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança Pública, Polícia do Rio é a que mais mata e mais morre, se comparada a outros seis estados somadosPedro Ivo / Agência O Dia
Rio - A Rede de Observatórios da Segurança Pública apontou, nesta quinta-feira (6), que a Polícia Militar do Rio de Janeiro é a corporação que mais mata e mais morre, em levantamento comparativo às taxas da Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, e São Paulo. Dos 21 mil eventos violentos monitorados, o relatório revelou que, somados, os seis outros estados têm menos mortes policiais que o Rio sozinho.
Pelo terceiro ano consecutivo, o estudo analisou 16 indicadores de violência entre agosto de 2021 e julho de 2022. O período resultou em 21.563 eventos violentos analisados nesses locais, destacando um componente racial nas ações violentas e foi batizado de "Máquina de moer gente preta: a responsabilidade da branquitude".
Na análise das sete unidades federativas, os eventos ligados às polícias representam 55% do estudo, mas no Rio de Janeiro, chegam a 67%.
Contudo, essa triste constatação não é uma novidade: o mesmo dado já tinha aparecido no Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, que mostrava o número de pessoas mortas pela polícia, e em anos anteriores, com destaque para a morte dos servidores das forças de segurança pública.
Dados do estudo mostram que, no período analisado, se somarmos todos os números dos outros seis estados, o Rio teve mais que o dobro de mortes em ações de policiamento e mortes de crianças e adolescentes e mais que o triplo de feridos.
Na finalização do documento, a ONG afirmou que Rio de Janeiro necessita de uma mudança de rumos na segurança pública o quanto antes.
"Repetir os velhos erros e investir em ações policiais violentas, com violações dos direitos humanos, sem inteligência ou investigação nos trouxe até aqui. Temos registrado recordes de mortes promovidas por policiais e, ao mesmo tempo, visto o crime se expandir e diversificar sua atuação, mantendo parcelas expressivas da população sob o controle violento e a exploração financeira”, disse trecho da conclusão do estudo.
Procurada pela reportagem, a PM defendeu que, de acordo com os dados do ISP, o Rio de Janeiro tem apresentado os menores índices da Segurança Pública desde o início da série histórica (30 anos).
"Em um comparativo entre os períodos de janeiro a agosto de 2022 e 2021, os números revelam uma redução de 11% no índice de letalidade violenta, 7% nas lesões corporais seguidas de morte e de 11% nos roubos seguidos de morte, os menores indicativos dos últimos 31 anos. Vale destacar que, somente neste ano de 2022, a PMERJ já prendeu mais de 24.200 criminosos, apreendeu mais de 2.800 adolescentes envolvidos com a criminalidade, e retirou das ruas mais de 4.800 armas de fogo, entre as quais 275 fuzis idênticos aos utilizados em guerras convencionais", informou a nota.
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