Três das seis presas usavam as próprias filhas no esquema de exploração de trabalho infantilDivulgação

Rio - Policiais da 14ª DP (Leblon) prenderam seis mulheres em flagrante, nesta quinta-feira (6), por exploração de mão de obra infantil nas ruas do Leblon, Zona Sul do Rio. Segundo os investigadores, os menores de idade eram obrigados a vender balas em calçadas e sinais, e a pedir dinheiro dinheiro na porta de estabelecimentos comerciais do bairro, enquanto as suspeitas acompanhavam o trabalho à distância.
O esquema de exploração foi descoberto pelos policiais após denúncias feitas por moradores e lojistas da região. Com as informações, os agentes iniciaram o trabalho de apuração e confirmaram a prática cometida pelas seis acusadas. Parte dessas mulheres usava os próprios filhos menores de idade no trabalho.
Durante as investigações, os policiais filmaram a atuação do grupo que usava menores em idades variadas, o que incluía até bebês de colo, todos vindos de comunidades do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. As crianças chegavam às ruas de Ipanema e do Leblon, na Zona Sul, acompanhadas das acusadas, sempre perto das 10h e permaneciam até por volta das 21h.
O esquema mantinha as crianças trabalhando com vendas de balas, doces e outros itens nas calçadas, sinais e demais pontos. Outros eram forçados a atuar como pedintes na porta de estabelecimentos. Enquanto isso, as acusadas ficavam sentadas, acompanhando o trabalho à distância. Em uma das filmagens feitas pelos agentes, as mulheres foram vistas a quase um quilômetro de distância dos menores, sentadas em uma calçada, algumas usando o celular. 
Vídeo feito por investigadores mostram crianças sendo exploradas mesmo debaixo de chuva - Divulgação
Vídeo feito por investigadores mostram crianças sendo exploradas mesmo debaixo de chuvaDivulgação
Das seis presas, três não eram mães das crianças forçadas a trabalhar. Segundo os investigadores, mesmo quando as responsáveis não podiam acompanhar os menores, eles eram levados para a rua e forçados a trabalhar. Uma das filmagens feitas pelos investigadores, na última terça-feira (4), mostram os menores trabalhando até debaixo de chuva. 
"Toda a sociedade tem sua parcela de obrigação de combater essa violência contra as crianças, seja não contribuindo, seja alertando as autoridades. Que esse trabalho de hoje prossiga e levante a bandeira para nossos legisladores enfim criarem um tipo penal específico de explorar mão de obra infantil e assim tornar mais fácil a aplicação da lei e a punição de genitores e responsáveis que submetem crianças e adolescentes a tal violência", disse a delegada Daniela Terra, titular da 14ª DP (Leblon). 
Segundo a titular, as crianças permaneciam trabalhando por períodos longos nas ruas sendo privadas de ir à escola e, muitas vezes, até de se alimentar. A prioridade na hora das escassas refeições conseguidas pelos menores eram das adultas. Elas que se alimentavam primeiro. 
Terra explica ainda que as crianças costumavam arrecadar uma média de R$ 150  em esmolas por dia, mas poderia chegar a R$ 700 dependendo da idade do menor. "Quanto mais novos, maior era o valor obtido pelos menores", explicou. 
Com as seis mulheres, os agentes da 14ª DP apreenderam os materiais vendidos pelas crianças. Após serem detidas, as seis suspeitas foram encaminhadas para a Benfica, onde aguardam decisão da justiça. Elas vão responder pelos crimes de associação criminosa, abandono de incapaz, abandono material e submeter criança ou adolescente a vexame ou constrangimento.
O Conselho Tutelar também participou da ação no acolhimento dos menores e contato de outros responsáveis. Segundo a Polícia Civil, os nomes das acusadas não foi informado no intuito de preservar a integridade das crianças.