José do Carmo João desapareceu após notar a chegada da polícia em sua residênciaDivulgação/Portal dos Procurados

Rio - O homem que manteve a mulher e as duas filhas em cárcere privado em uma casa de Valença, no Sul Fluminense, por mais de 20 anos, se entregou à Polícia Civil, neste domingo (9). José do Carmo João, de 60 anos, passou dias dormindo em uma área de mata, após ter fugido, logo depois de as vítimas serem resgatadas do cativeiro, no último dia 29. Desde então, ele vinha sendo procurado e se apresentou depois de ficar com fome e com medo de uma onça que rondava seu esconderijo. 
De acordo com o delegado titular da 91ª DP (Valença), Flávio Almeida Narcizo, José se entregou junto com um advogado na distrital e decidiu falar sobre o caso apenas em juízo. Ele permanece detido na delegacia e será transferido para uma unidade prisional em breve. O homem estava foragido desde 2005, devido a um homicídio cometido em Barra do Piraí, também no Sul Fluminense, no ano de 2001.
As investigações apontaram que José mantinha as vítimas, de 48, 25 e 19 anos, em cárcere privado dentro de uma casa, em uma propriedade rural no distrito de Parapeúna, desde que a filha mais velha tinha 3 anos. A mais nova nasceu no cativeiro e nunca havia deixado o local. Elas não tinham acesso à televisão ou aparelhos de celular, além de serem impedidas de conviverem com outras pessoas que não do núcleo familiar. As meninas não eram vítimas de violência física.
A companheira de José também era proibida de sair de casa e de manter contato com parentes, que acreditavam que ela teria morrido, porque não tinham notícias dela há muitos anos. A mulher teria tentado fugir diversas vezes, mas sempre era perseguida pelo marido e submetida à agressões e ameaças. Não houve relatos de abuso sexual por nenhuma das três. Os agentes descobriram a situação das vítimas quando tentavam cumprir um mandado de prisão contra o homem, pelo homicídio qualificado.