Paulo Moreira de Araújo acusa funcionários de supermercado de racismoFoto: Reprodução/TV Globo

Rio - Em depoimento na 14ª DP (Leblon), o gerente do supermercado Zona Sul, da Rua Barão da Torre, em Ipanema, disse que houve um "equívoco" na abordagem com o cliente Paulo Moreira de Araújo, de 28 anos. Conforme divulgado pelo RJTV2, da Rede Globo, o funcionário confirmou que foi solicitada a nota fiscal das compras de Paulo. "Na presença da autoridade policial foi apresentada a nota fiscal que comprovou o pagamento dos produtos, sendo assim, reconheceu os equívocos".
A ocorrência foi registrada como calúnia e injúria por preconceito e testemunhas ainda estão sendo ouvidas até que o inquérito seja encerrado. 
A denúncia foi feita pelo bancário Paulo, na sexta-feira (7). Ele acusa os seguranças do estabelecimento de o obrigarem a apresentar duas vezes os comprovantes de pagamento dos produtos. Segundo o cliente, ele comprou um barril de chopp e uma garrafa de vinho e foi ao serviço de autoatendimento pagar pelos produtos. Quando estava saindo, teria sido parado pelos seguranças, que exigiram que ele mostrasse o comprovante de pagamento. Mesmo com o bancário apresentando o documento, os funcionários disseram que ele precisava comprovar para o gerente da loja que tinha pago pelas mercadorias.
Foi quando ele se revoltou e chamou a polícia. Nesse momento, um outro gerente, e um funcionário, que se identificou como segurança externo, o abordaram. O bancário ficou com medo. De acordo com Paulo, os homens chegaram a tentar negociar para não irem à delegacia, o que foi recusado. 
Em entrevista ao DIA, Paulo Moreira se mostrou abalado com a situação e afirmou que espera que os envolvidos sejam punidos de forma que não cometam os mesmos erros com outras pessoas.
"Foi um momento horrível, uma situação que além de constrangedora e vexatória, é bem peculiar. Ninguém quer passar por isso, é muito ruim. Você ver outras pessoas terem um tratamento diferente do seu e ficar pensando o que pode ser. Na realidade, você já sabe a resposta", desabafou.
De acordo com a advogada de Paulo, Luciana Moreira, o caso ainda está em fase de inquérito, mas assim que for finalizado será gerado o processo por calúnia e injúria por preconceito racial contra o supermercado. De acordo com ela, não é a primeira vez que um caso de racismo acontece no estabelecimento.
"Amanhã irei conversar com a comissão da OAB de racismo. Esse caso tem que se desdobrar porque isso não pode acontecer novamente. As pessoas precisam saber que isso acontece nesse mercado, não é a primeira vez. Não vai acontecer de novo se depender de nós", completou. 
Procurado, o supermercado Zona Sul ainda não se posicionou. O espaço está aberto para manifestação.