Estado registrou a morte de homem de 31 anos, morador de São João de Meriti, estava internado no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS)AFP
Especialistas alertam para falta de campanhas de prevenção contra varíola dos macacos após nova morte no Rio
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o estado registrou três óbitos em decorrência da doença
Rio - Nesta segunda-feira (10), o Rio de Janeiro registrou a mais uma morte por varíola dos macacos (monkeypox) no estado. O terceiro óbito em decorrência da doença acende um alerta para a importância da prevenção contra a doença através de campanhas e imunizantes.
O infectologista da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), José Pozza, afirma que as campanhas de prevenção não estão sendo eficazes e aponta a baixa letalidade como um dos motivos.
"A única coisa que acredito que ainda falta é uma campanha educativa, feita de uma forma que a gente consiga observar e informar melhor as pessoas das formas de contágio, das formas de proteção. A gente não tem visto a realização dessas campanhas, apesar de ter sido uma nova doença de disseminação mundial. Como tem uma letalidade muito baixa, infelizmente as medidas informativas e as medidas de controle ficaram meio aquém do que deveriam", lamenta.
Para ele, a população sempre deveria estar atenta a doenças infecciosas, mesmo que apresentem baixo risco, mas Pozza ressaltou que não há motivo para pânico. "Apesar da monkeypox ser uma doença em que a gente tem observado uma mortalidade muito baixa, algumas pessoas com problema de imunidade desenvolvem quadros graves com encefalite, com pneumonia viral ou até lesões cutâneas bem disseminadas e em extensão, causando, às vezes, ruptura de pele com infecção bacteriana secundária".
Para a infectologista consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tânia Vergara, a imunização por meio da vacina se mostrou ser mais necessária após mais uma morte.
"O que precisamos é de vacina para que possamos proteger, pelo menos, as pessoas mais vulneráveis a adquirir doença. Também precisamos ter disponível a medicação específica (Tecovirimat) para os casos mais graves. A população precisa saber que temos circulando monkeypox no nosso meio e que esta doença é transmitida por contato. Qualquer pessoa que tenha contato com alguém com monkeypox pode se infectar", disse.
Segundo ela, há centenas de pessoas na fila aguardando a imunização em todos o país. "A principal medida de prevenção é a vacina e porque ainda não a temos, não estamos com a prevenção adequada. Precisamos dela. Essa falta de vacina é uma situação de risco para todos, inclusive para os profissionais de saúde que recebem estes pacientes. Além dessa medida, o necessário é evitar contato com pessoas sob suspeita ou com diagnóstico de monkeypox."
De acordo com o relatório da Secretaria de Estado de Saúde (SES), até esta terça-feira (11), o estado do Rio soma 1.160 casos confirmados de varíola dos macacos. Outros 318 pacientes estão sendo investigados e 123 tratados como prováveis, ou seja, com exame inconclusivo ou não coletado.
Ainda segundo os dados da SES, o estado apresentou 3.899 notificações da doença. Cerca de 5 pessoas foram tratadas com Tecovirimat e todas tiveram os tratamentos concluídos.
Na Região Metropolitana foram registrados 981 casos, representando 84,57% de todos os registros da doença no estado. Já na região Metropolitana II, o número subiu para 123, com 10,6% dos infectados. A Baixada Litorânea tem 12, já a região Serrana segue com 7, assim como o Médio Paraíba, que tem 10.
Do total de infectados pela doença, 1.073 são homens, correspondendo a 92,5%. Além disso, a maior parte dos pacientes estão na faixa etária dos 20 e 39 anos. A principal forma de contagio da doença permanece o contato sexual, representando 36,72% dos casos.
A Secretaria de Saúde foi procurada, mas até o momento, não respondeu aos questionamentos.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.