Moradores protestam pela morte da pequena Ana Clara, baleada em comunidade de Niterói, em fevereiro do ano passado Carolina Freitas

Rio - Um levantamento da plataforma Fogo Cruzado, divulgado nesta terça-feira (11), indica que 119 crianças foram baleadas no Rio desde 2016. Feito em alusão ao Dia das Crianças, o estudo revela que desse total, 32 menores morreram e 87 ficaram feridos. 
O caso mais recente foi o de Adrielly Teixeira, de 11 anos, baleada durante uma operação policial no Complexo da Alma, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Atingida quando voltava da escola, ela ficou internada no Hospital Estadual Alberto Torres, mas conseguiu se recuperar. Ela faz parte de um recorte do total de vítimas que foram atingidas durante ações de Forças de Segurança em comunidades no estado. 
De acordo com os dados, das 119 vítimas da violência na cidade nesse período, 47 foram mortas durante operações policiais. O número total de crianças atingidas por balas perdidas no Rio foi de 87 desde o início da contagem da plataforma. A análise foi feita no intervalo entre 5 de julho de 2016 e 30 de setembro deste ano. 

"As crianças são vítimas diretas e indiretas da violência, seja ela física ou psicológica. Em dias de operações policiais e tiroteios intensos, elas deixam de ir para a escola. Nos momentos de lazer, são alvos comuns das balas perdidas. Existem ainda os traumas gerados pela rotina de violência dentro e fora de casa", informa o instituto na análise dos dados. 
Jacarezinho 
Segundo a Fogo Cruzado, a violência deixa marcas físicas e também psicológicas nas crianças. O caso de uma menina, de 9 anos, do Jacarezinho, que perdeu seu pai dentro do próprio quarto, é um desses. O homem foi um dos mortos na ação policial do dia 6 de maio do ano passado, quando 28 pessoas foram mortas.
"O impacto emocional foi tão grande que, por dias, ela não quis dormir em casa. Além dela, outras crianças que foram expostas à violência desde cedo têm problemas de insônia, ansiedade e medo e tem seus crescimento duramente afetado", avalia a plataforma em análise.
Para além da violência sofrida diretamente pelas crianças, o levantamento também traz dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que revela um número elevado de crianças órfãos no país. Ao todo. 2.300 menores perderam seus pais somente em 2021.