Seap investiga origem de celular encontrado na cela de Flordelis
Ex-parlamentar negou que o aparelho fosse dela e disse que foi chantageada dentro da prisão
Em agosto de 2018, Allan, Flordelis e o então marido, Anderson do Carmo, estiveram juntos também em Macaé em um evento religioso, onde pousaram para fotos. - Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Em agosto de 2018, Allan, Flordelis e o então marido, Anderson do Carmo, estiveram juntos também em Macaé em um evento religioso, onde pousaram para fotos.Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Rio - A direção da Penitenciária Talavera Bruce, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, onde a ex-deputada federal Flordelis está presa, investiga a origem de um celular encontrado na cela da detenta. O caso aconteceu em maio deste ano e, na ocasião, Flordelis chegou a ser punida com o isolamento, castigo previsto para infrações desta natureza. No entanto, segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), quando cumpria o isolamento, ela pediu para ir ao médico e o mesmo recomendou que não ficasse sozinha na cela por questões de saúde. Diante deste fato, a presa saiu do isolamento.
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Segundo a própria defesa da presa, a ex-parlamentar tem histórico de convulsões, não podendo ficar sozinha em uma cela. O diagnóstico médico foi contestado pela defesa da família do pastor Anderson do Carmo, que teria sido assassinado a mando da ex-companheira Flordelis.
A Seap ainda não sabe o teor das mensagens, já que o conteúdo foi apagado antes de ser apreendido. No entanto, de acordo com informações do 'G1', o aparelho eletrônico era usado por Flordelis para trocar mensagens com o atual namorado, o produtor artístico Allan Soares, com quem se relaciona desde agosto do ano passado.
Procurada, a defesa da ex-deputada informou que o aparelho foi introduzido na cela da pastora e lá ficou por 18 dias. Ainda segundo a nota, divulgada pelo advogado Rodrigo Faucz, apesar da insistência de outras presas que o usavam com a conivência de algumas guardas, Flordelis não havia cedido.
"No dia em que Flordelis o usou, por uma única vez, imediatamente ocorreu uma vistoria na cela e esta foi conduzida à presença da diretora da unidade da época, que à noite, sem a presença de advogados, tomou seu depoimento onde Flordelis assumiu que o usou por apenas esta vez. A partir daí, esse procedimento passou a ser usado como objeto de chantagens e ameaças, onde a vida e a incolumidade física da pastora e das filhas foram pautadas", argumentou a defesa da presa.
Flordelis teria cedido às chantagens
De acordo com a defesa, a pastora, com muito medo, se recusou a dar os nomes e permitir uma denúncia formal. Diante deste fato, os advogados, então, procuraram a diretora da unidade e, em função de sua ausência no dia, falou com a subdiretora, que comunicou que a Corregedoria da Seap já teria sido acionada e que o problema seria sanado. "Cobramos a abertura formal do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) que até aquele dia se encontrava irregular, não constando no sistema como era o correto, o que dias depois aconteceu sendo esta defesa notificada a acompanhar".
Rodrigo Faucz afirmou que neste mês a defesa teve conhecimento que essas ameaças acabaram levando a pastora a ceder ao medo e pedir à família que pagasse aos criminosos.
"Mesmo recebendo, aumentaram as ameaças de forma a impor que a pastora não voltasse da visita com a filha, na última semana, sem dinheiro ou iria "apanhar", o que a levou a tentar entrar irregularmente com R$ 75 para fugir das represálias. Esse novo episódio é usado mais uma vez para a continuidade das chantagens. De pleno conhecimento desses fatos e agora também com os nomes dos criminosos e outras provas do que aqui relata, a defesa tomou a iniciativa de acionar as autoridades competentes: Juiz Corregedor responsável pela Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro, a Coordenadoria Responsável pelos Presídios Femininos, bem como a Polícia Civil do Estado, a fim de que tudo seja apurado".
Julgamento adiantado
No início de agosto deste ano, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, decidiu antecipar o julgamento da ex-deputada Flordelis para o dia 7 de novembro, a partir das 9h. O júri estava marcado para começar no dia 12 de dezembro, mas teve a data alterada devido à realização das duas semifinais da Copa do Mundo da Fifa, nos dias 13 e 14. A ré é acusada de ser mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, e está presa desde agosto de 2021.
Além de Flordelis, serão julgados também, em novembro, os filhos Marzy Teixeira da Silva, André Luiz de Oliveira e Simone dos Santos Rodrigues, além da neta Rayane dos Santos Oliveira. Eles também são acusados da morte do pastor Anderson do Carmo, marido da Flordelis, executado a tiros em junho de 2019.
A antecipação do julgamento foi concedida a pedido da assistente de acusação. "Verifica-se que nos dias 13 e 14 de dezembro serão realizadas as duas semifinais da Copa do Mundo da Fifa, da qual poderá participar a seleção brasileira de futebol, gerando a possibilidade a restar a sessão de julgamento inviabilizada, diante da sua provável extensão por mais de um dia, inclusive, além da provável decretação de ponto facultativo, como se deu em oportunidades anteriores", escreveu a magistrada em sua decisão.
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