Rio – "Eu estou em um desespero gigantesco, porque só eu sei o quanto lutei para conseguir esse dinheiro, o quanto estamos planejando essa data, sonhando com esse dia. Contei ontem para a minha filha, coitada, entrou em desespero também, ficou super abalada".
A frase é de Carla Cássia, moradora de Maricá, que fechou com a empresa Espaço Maximino a festa de 15 anos da filha, mas o buffet informou, nesta quinta-feira (13), que decretou falência por meio das redes sociais e nem sequer entrou em contato com os clientes.
Carla fechou com a empresa de Daniele Maximino a festa de aniversário da filha marcada para maio de 2023. Dos R$ 10 mil cobrados pelo serviço, a autônoma já tinha pagado mais de R$ 6 mil.
"Eu já havia trabalhado com ela instalando vidro. Inclusive agora mesmo ela fechou um outro trabalho comigo, que deu R$ 2.100 e descontamos também na festa", afirmou.
Carla soube da falência da empresa pelo fotógrafo da festa de 15 anos que contratou para a sua filha e então foi imediatamente até a casa da contratada, que já estava sem placa da empresa, escura, vazia e tinha um cachorro desconhecido no quintal. Até o momento, ela não conseguiu contato com os donos do Espaço Maximino. E foram muitas as tentativas.
A página do Facebook da empresa está repleta de reclamações de clientes que fizeram pagamentos de festas e foram surpreendidos com a notícia. Até mesmo uma gráfica protestou contra a falta de pagamento de Daniele de serviços para uma festa infantil.
Em comum, muitos alegam que a nota de esclarecimento divulgada pela empresa na página da rede social não é verdadeira. O anúncio afirma que a decretação de falência houve após uma tentativa de suicídio da proprietária, que está internada.
No entanto, Vanessa Leite, proprietária da gráfica VMC Personalizados Manu, afirmou em uma postagem na página, e confirmou em relato ao DIA, que em uma das tentativas de receber pelo serviço prestado, Daniele já havia informado que iria decretar falência.


"Entregamos a ela um pedido no dia 22 de setembro, quando pedimos 50% de sinal e ela fez apenas R$ 200 de uma compra que dava quase R$ 2 mil. No dia 23 de setembro, o material foi entregue e o entregador nos informou que ela não tinha o dinheiro para pagar. Então, estamos desde este dia implorando pelo restante do valor que foi não quitado até hoje. Inclusive em uma dessas nossas tentativas de recebemos, ela nos informou que iria abrir falência. E indagamos o fato de ela ainda, à época, publicar promoções e fechar contratos", disse.
Vanessa também tem tentado falar com Daniele, mas as ligações caem na caixa postal.
Já Carla, em uma busca por familiares da empresária nas redes sociais, encontrou o perfil da irmã dela, com quem falou sobre o caso. Segundo Carla, Suelen Oliveira a aconselhou a ir para a Justiça: "A gente vai ver o que faz, a princípio ela decretou falência e eu te aconselho a correr atrás dos seus direitos", disse a irmã de Daniele.
Ana Caroline Lima, que contratou o buffet para a festa de 15 anos da irmã, foi pega de surpresa quando soube sobre tentativa de suicídio pela postagem na página do Facebook da empresa. Um dia antes, a secretária de Daniele havia dito que a empresária não estava indo à empresa, pois tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Ana Caroline deu um sinal de R$ 3 mil para a festa que ocorreria em 2023.
"Fechamos um contrato com ela e logo depois vimos algumas reclamações no Facebook, que ela apagou e depois bloqueou as pessoas. Decidimos ir conversar com ela frente a frente, isso foi nesta quarta-feira, dia 12 de outubro. A secretária dela encontrou com a gente no próprio escritório e disse que era tudo mentira, que não aconteceu o que postaram no Facebook. Até pedimos um contrato mais detalhado, para nos respaldarmos, e saímos de lá com a promessa dela de que iria fazer tudo direitinho. Afirmou que Daniele não estava lá porque tinha sofrido um AVC, mas até então ninguém tinha notícias da mesma. Então vimos a postagem sobre a falência. Fomos todos lesados", afirmou a estudante de nutrição.


A reportagem do DIA tentou contato com os donos da empresa, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto à manifestação dos mesmos.
*Reportagem de Anna Clara Sancho