Bruno Eduardo de Melo Rocha, de 21 anos, morreu com um tiro disparado por policiais militares durante uma blitzReprodução/Redes sociais
Policial que atirou e matou militar da Força Aérea é afastado
Fuzil usado pelo PM em abordagem foi apreendido e passou por perícia. Caso está sendo investigado na 35ª DP (Campo Grande)
Rio - O policial militar que atirou e matou com um tiro de fuzil o jovem Bruno Eduardo de Melo Rocha, de 21 anos, foi afastado do serviço nas ruas. O fuzil usado por ele na ocorrência também foi apreendido pela Polícia Civil e passou por perícia na segunda-feira (17). O rapaz era militar da Força Aérea Brasileira e morreu na noite de sábado passado (15) após ser baleado durante uma blitz no bairro de Santíssimo, Zona Oeste do Rio. O caso está sendo investigado pela 35ª DP (Campo Grande).
Ao Dia, o tio do soldado, Márcio Rocha, de 50 anos, pediu rigor nas investigações e disse esperar que a Justiça seja feita. Em depoimento, o PM, agora afastado, relatou que ele e um outro agente do 40º BPM (Campo Grande) deram voz de parada para o jovem por volta das 21h40, na altura da Estrada Sete Riachos. Contou que Bruno estava sozinho no carro, mas ele não obedeceu. Um tiro, então, foi disparado na direção da parte traseira do veículo e atingiu o militar na lombar.
O soldado chegou a ser socorrido pelos próprios policiais ao Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de domingo (16). Ao longo do depoimento do policial, ele relata que o militar estava com uma arma em uma das mãos, no entanto, a família contesta a versão e afirma que Bruno não possui arma e que nada foi encontrado com ele no dia da ocorrência. Questionada, a Polícia Civil diz que apenas o fuzil do agente foi apreendido e não cita nenhum armamento encontrado com o rapaz.
O corpo de Bruno Eduardo foi enterrado na tarde de segunda-feira (17),no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
Família diz que policial mudou depoimento
Márcio, tio de Bruno, afirmou que a ocorrência sofreu alterações em um curto período de tempo na 35ª DP (Campo Grande). Por volta das 2h de domingo (16), Márcio, que é suboficial da Marinha, esteve na distrital para obter informações sobre o ocorrido. Inicialmente ele foi informado por um plantonista que o jovem estava sendo apontado como vítima de uma abordagem incorreta por parte de policiais militares. No entanto, uma nova versão da ocorrência, registrada às 6h, indica que os agentes encontraram uma pistola na mão de Bruno.
O amigo de infância de Bruno, Alexandre Soares, de 21 anos, estava numa moto, um pouco mais à frente do jovem, e testemunhou o que aconteceu antes e depois do disparo. Alexandre, que é recepcionista de um hospital, relatou que ele e o amigo estavam seguindo em direção à Bangu, quando uma viatura da PM, em patrulhamento, deu ordem de parada para eles.
Ele conta que parou a moto, mas o Bruno parece não ter ouvido e seguiu viagem. Afirma ainda que não havia blitz no momento da abordagem.
"Eu parei, mas o foco era o carro, então os policiais foram atrás dele. Eu fiquei lá parado por uns 10 minutos. Eu percebi que eles estavam demorando muito e fui atrás. Foi então que eu vi ele recebendo atendimento e vi uma mancha de sangue no banco do carro. Eu perguntei ao PM se houve tiro e ele me disse: 'Eu não sou legista para confirmar isso'. E levaram ele na viatura para o hospital", disse.
Alexandre aponta ainda outra divergência na ocorrência. Segundo ele, no depoimento dos policiais consta que a moto não parou, mas ele afirma que parou imediatamente. Consta ainda na versão do policial que a moto estava sem placa, o que ele nega. "É vergonhoso o PM que ele estava com arma. Então cadê a arma? A única arma é o fuzil, cadê a pistola? Queremos Justiça", pede o amigo do rapaz.
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