Flordelis negou que o aparelho encontrado em sua cela fosse delaCleia Viana/Câmara dos Deputados

Rio - A ex-deputada federal Flordelis encaminhou uma notícia-crime à Polícia Civil alegando estar sendo vítima de ameaça e extorsão após um celular ser encontrado em sua cela. Presa preventivamente desde agosto de 2021 no Instituto Penal Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, a detenta acusa, em sua denúncia, que outras internas e policiais penais do presídio.
No documento, ex-deputada diz que em uma determinada data e por meio de pessoas que não pode apontar, o celular entrou na cela e passou a ser compartilhado pelas presas de sua galera. Ela, por sua vez, teria se recusado a usar o aparelho, gerando revolta entre presas e agentes. Porém, após ameaças e insistência, Flordelis passou a usar o celular para, segundo ela, se comunicar com o namorado. Em uma dessas ocasiões, ela conta que foi surpreendida com uma fiscalização em sua cela, o que gerou o primeiro procedimento disciplinar.

De acordo com o delegado titular da 34ª DP (Bangu), Bruno Gilaberte, responsável pelas investigações, contou que a ex-deputada acredita que a fiscalização foi algo dirigido à ela.

"Segundo ela, por não concordar com o uso de telefones em ambiente prisional, começou a ser perseguida por presas e por policiais penais, até o momento em que ela cedeu em relação ao
uso aparelho e mesmo ela chegou a usar o aparelho, na ocasião em que houve uma fiscalização na cela dela e esse aparelho foi encontrado. Ela insinua, na verdade, que foi algo dirigido. Que por ela não concordar inicialmente com aquela prática, criou-se um mal-estar e por conta disso foi feita uma fiscalização na cela dela quando já se sabia que ela estaria com esse celular", explicou.

O delegado também abordou as ameaças que a detenta diz ter sofrido após se recusar a utilizar o aparelho e a possível existência de crime de extorsão. "Além disso ela relata ameaças de detentas e de policiais penais, a sua integridade física, a sua saúde e ainda uma tentativa de extorsão. Ou melhor, uma extorsão consumada, diz ela que foi obrigada a fazer uma transferência de valores pra conta de pessoa não identificada. Ou melhor, de ainda não completamente identificado".

No documento, ela aponta que valores eram cobrados como "taxas de pedágio" e que, buscando preservar sua integridade durante a prisão, fazia pagamentos das cobranças por meio de transferências bancárias para uma mulher.

Junto com a notícia-crime, segundo o delegado, Flordelis anexou um comprovante de uma transferência feita para uma pessoa não identificada.

"Tem um comprovante de transferência bancada, mas esse comprovante por si só não prova nada, mas até aí tudo bem, porque não cabe a ela apresentar provas, isso cabe a nós da delegacia. Essas taxas tem que ser algo entre aspas, porque não são taxas de fato. São formas de extorsão, são pequenas extorsões que vão sendo feitas no dia a dia. Mas não há nenhum tipo de menção mais especificada a essas taxas, algo mais detalhado", contou.
A Polícia Civil informou que a 34ª DP instaurou um inquérito para apurar crimes de extorsão e de ameaça e que a investigação está em andamento.
A Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) foi procurada pela reportagem, mas até o momento da publicação desta matéria, não respondeu aos questionamentos.