O Museu Histórico Nacional completa 100 anos este ano Pedro Ivo / Agência O DIA

Em uma ponta que alcançava o mar, conhecida como Ponta do Calabouço, entre as extintas praias de Santa Luzia e Piaçava, que eram localizadas onde é hoje o Centro do Rio, os portugueses construíram, em 1603, a Fortaleza de Santiago. Atualmente, ela é o conjunto arquitetônico que abriga o Museu Histórico Nacional, que completa 100 anos este ano. Com um acervo com mais de 300 mil itens, sendo eles arquivísticos, museológicos e bibliográficos, a instituição federal é um tipo de vitrine para a sociedade, inspirando jovens e servindo de material de estudo para historiadores e acadêmicos - em 2019, dentre os 50 mil visitantes, estavam aproximadamente 22 mil alunos de escolas.
De acordo com a diretora substituta do Museu Histórico Nacional, Fernanda Castro, ele é o primeiro museu de história do Brasil, sendo o mais antigo do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
"Antes dele, surgiram outras instituições no país, como o Museu Nacional, do século 19. Mas em relação à história, o nosso foi o primeiro. Tem o museu paulista, que se configura como histórico também e foi criado antes, mas ele fala mais de história natural, botânica", disse.
O museu foi criado em 1922, na época do centenário da independência do Brasil, com o objetivo de contar a história brasileira em uma perspectiva de fortalecimento da ideia de nação.
"Ele foi feito para criar uma identidade nacional e desde sua criação ele passou por muitas transformações, acompanhando o desenvolvimento da própria história do Brasil", diz Fernanda. "Desde a década de 1980 ele vem se democratizando cada vez mais, sendo mais representativo. Nesses cem anos, as coleções foram crescendo e hoje o museu tenta promover esse processo de representatividade brasileira", completa.
Com as portas abertas ao público e com seu vasto material sobre a história do país, o instituto recebe desde alunos do ensino fundamental até acadêmicos e pesquisadores.
"Nem todo mundo tem acesso ao conhecimento de faculdade ou academia. O museu serve como uma vitrine para a sociedade, mostrando novas formas de encarar a nossa realidade. Ele é importante porque é o elo mais próximo da população nesse processo histórico sobre a nossa origem", acrescenta.
A professora Graziela Oliveira, de 23 anos, visitou o museu pela primeira vez este ano. "Eu fiquei maravilhada porque nunca tinha visto tanta coisa interessante como eu vi lá. É uma exposição muito completa e a parte da escravidão me pegou muito, principalmente porque hoje em dia temos essa conscientização racial", afirmou. "A história também lá do começo, de Dom João I, da família real. Achei tudo muito incrível e, para mim, que sou professora, é muito importante saber isso", finaliza Graziela, que dá aula para um aluno especial do segundo ano do ensino fundamental.
Prejuízos na pandemia
Mesmo com um século de existência e passando por muitos momentos decisivos, o acervo e a estrutura do museu continuam intactos. No entanto, com a pandemia do coronavírus, alguns projetos tiveram que ser descontinuados.
"Não tivemos problemas nesse período da covid-19 porque as equipes de trabalho essenciais continuaram vindo. Foi feito um trabalho de conservação e monitoramento, mas a perda que tivemos foi a equipe de educadores, que era terceirizada", diz Fernanda. Sem os educadores, as visitas guiadas acabaram, por enquanto. 
Atualmente, o museu recebe o público escolar normalmente, através de agendamento, mas não há mais a mediação como era feita antes. "Isso não significa que o público escolar caiu. Desde o início deste mês, estamos abrindo o museu mais cedo. Antes era a partir das 10h, agora passamos para 9h, com visitas já às 9h30, justamente para atender a demanda dos grupos escolares", explicou.
Durante a pandemia, ele ficou fechado de março de 2020 até setembro de 2021, reabrindo aos poucos.
O espaço
O Museu Histórico Nacional tem 9.000m² de área aberta ao público, com galerias de exposições de longa duração e temporárias, loja de souvenirs e publicações, além de biblioteca especializada em História do Brasil, História da Arte, Museologia e Moda; do Arquivo Histórico, com importantes documentos manuscritos, aquarelas, ilustrações e fotografias.
Entre os anos de 2003 e 2006, o conjunto arquitetônico que abriga o instituto passou por intervenções de restauração e modernização.
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