Cliente ficou incomodada após funcionário sugerir que ela bebesse algo não alcoólicoReprodução de vídeo

Rio - Os funcionários de uma barraca da Praia do Leme, Zona Sul do Rio, denunciaram, nesta sexta-feira (28), ofensas racistas feitas por uma cliente à equipe do estabelecimento. As falas da mulher, que parecia estar alterada, foram flagradas em vídeo feito por um dos barraqueiros na última quarta-feira. Ela foi identificada como Ula Pancetti, neta do pinto modernista José Pancetti. O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

De acordo com as imagens, a cliente, que aparentava estar alterada, ataca a equipe dizendo que faria propaganda negativa do local e se refere aos funcionários como "pretos hipócritas". A barraca alvo dos ataques foi a Rasta Beach.

"Vou fazer propaganda negativa, sim. Porque vocês são uns vacilões. Eu sou branca que moro na Atlântica. É hipócrita. Bando de preto hipócrita", comentou a cliente, que parecia estar bêbada no momento dos ataques.

Em outro trecho do vídeo, a mulher volta a ameaçar fazer propaganda negativa contra a barraca: "Sabe quando eu voltar na sua barraca? Sabe quanto de propaganda negativa eu vou fazer da sua barraca? Eu achava que você era um cara inteligente. Nunca mais vou voltar nessa m***", gritou a mulher.


Segundo relato dos funcionários, ela já havia pedido muitas bebidas e, por isso, um membro da equipe que fazia o atendimento sugeriu que ela tomasse algo não alcoólico. Uma água de coco, suco ou refrigerante, mas a sugestão não foi recebida bem pela cliente, que se irritou com os funcionários. 
"Hoje tivemos a infelicidade de receber essa mulher aqui, com um discurso totalmente elitista e preconceituoso. Após pedir por outra caipirinha, um de nossos funcionários sugeriu que ela bebesse outra coisa (algo não alcoólico), ela se transformou e começou a se comportar da maneira mostrada acima. Soberba. Arrogante", comentou o dono da barraca, em um post no Instagram. 
Além das ofensas registradas no vídeo, a equipe ainda afirma que a mulher teria feito outros comentários ofensivos: "Você é empregado", "se estou pagando, você tem que fazer", "você não é ninguém", "vocês estão de preconceito porque eu sou branca e moro na Avenida Atlântica".

A postagem na página da barraca segue contando como tudo aconteceu e reforça que a sugestão para a cliente teve o intuito de cuidar de sua integridade. "Quantos de vocês já não se sentiram cuidados por nós? O simples ato de oferecer uma água significa carinho. Não desrespeito. E sim, para nós, comerciantes, seria ótimo e incrível que ela bebesse mais cinco caipirinhas", pontuaram. 
De acordo com os funcionários, o caso foi registrado na Decradi. A Polícia Civil foi questionada pela reportagem de O DIA, mas até o momento não enviou retorno. 
Procurada pelo DIA, Ula Pancetti ainda não se manifestou sobre as acusações. O espaço segue em aberto para futuras manifestações.