Sepultamento do PM Leandro dos Santos Lopes, morto durante uma operação no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias. Na foto, as irmãs de Leandro. Cleber Mendes/ Agência O Dia

Rio – "Estava no sangue dele ser policial militar", desabafou Audren Cardoso, de 31 anos, viúva do cabo Raphael Queles Teixeira Cardoso, de 34 anos, morto durante uma operação no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O policial foi velado e enterrado no início da tarde desta terça-feira (8), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste. Cardoso deixa a mulher e dois filhos, um de 11 anos e outro de 15.

"Ele era maravilhoso. Um pai e marido exemplar. Amava a profissão que tinha, honrava essa farda como ninguém", lembrou a viúva, com quem Cardoso foi casado por 12 anos. Audren afirmou ainda que ficou sabendo da morte do marido pelos jornais: "Fiquei sabendo pela pior forma de se receber uma notícia, de que seu marido saiu para trabalhar e não vai voltar mais", disse.
Além de Audren, familiares e amigos de farda também foram ao cemitério para prestar suas últimas homenagens ao policial. "Era um cara super brincalhão, com coração bondoso. Soube da morte dele por volta das 7h da manhã [de segunda], quando estava levando meu filho para a escola. Fiquei arrasada", afirmou Daniele Guimarães, de 29 anos.
A assessora parlamentar desenvolveu uma amizade com o PM por meio do seu marido, com quem Cardoso trabalhou em 2017. "De lá para cá, sempre tivemos esse contato de amizade, dele ir lá para casa tomar café com a gente. Ele era sempre para cima e do nada essa fatalidade, essa covardia. Todo mundo ficou em choque", relatou Daniele, que enxergava em Cardoso uma pessoa querida por todos: "Ele deixou o legado dele, uma pessoa boa, de coração bom".

O amigo de longa data, Washington Nascimento, de 51 anos, também lamentou a morte do cabo. "Quando eu soube da morte, fiquei destruído, a família ficou arrasada. É difícil de acreditar", desabafou o açougueiro, que viu o sonho do amigo se tornar uma tragédia: "O sonho dele sempre foi entrar para a Polícia Militar. O Raphael era um exemplar de família, um homem que morreu pela bandeira do Estado. Vamos ver até quando vai continuar isso", disse.

Cardoso era lotado no 20º BPM (Mesquita) e entrou na corporação em 2013. Além dele, morreu também na ação o policial Leandro dos Santos Lopes, de 36 anos, também lotado no Batalhão de Mesquita. Com a morte dos dois agentes, sobe para 33 o número de policiais militares mortos em situações violentas no Rio de Janeiro em 2022, sendo 12 em serviço, 18 na folga e três inativos.