Técnica foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca)Arquivo/Agência O Dia

Rio – Pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar (Inca), no Centro do Rio, desenvolveram um novo método para reduzir os custos e o tempo de produção das células CAR-T, usadas no tratamento da doença, para apenas um dia. A terapia, já ofertada para o combate de tumores malignos em países da Europa, Estados Unidos, China e Japão, está disponível no Brasil através de dois fabricantes aprovados pela Anvisa, porém com alto custo para os pacientes e maior tempo de aplicação.
"Em linhas gerais, a terapia CAR-T Cell consiste em modificar as células do sistema imunológico do próprio paciente para combater o tumor. A técnica é inovadora e personalizada para cada pessoa. Nossa missão foi justamente tentar simplificar o método", explica a doutoranda do Inca e autora do trabalho, Luiza Abdo.
Na técnica já utilizada, aplicada em laboratório, as células retiradas e modificadas do paciente levam entre 8 a 10 dias para se multiplicar, até que possam ser usadas no tratamento da doença.
"Foi aí que surgiu nossa ideia de reduzir o tempo de expansão das células para 24 horas. Também pensamos na oportunidade de redução dos custos e desafios logísticos, porque, muitas vezes, os centros que fazem a produção das células CAR-T não estão próximos ao hospital em que serão aplicadas no paciente", relata o orientador do estudo e pesquisador do Inca, Martín Bonamino.
O protocolo padrão da técnica consiste, atualmente, na utilização de um vírus para a alteração gênica e, durante os estudos, os pesquisadores passaram a fazer uso de um fragmento de DNA, que permite vantagens em relação ao tempo de multiplicação.
“Agora, precisamos adaptar a forma como geramos estas células para chegar a uma escala maior. Em seguida, submeteremos o protocolo para a apreciação da Anvisa e, enfim, começar a testar nosso produto em pacientes. Estamos otimistas, até porque é um tratamento que tem demonstrado excelentes resultados”, diz Bonamino.
O método desenvolvido pelo INCA conquistou o primeiro lugar na categoria Iniciativas para o Controle do Câncer, do Prêmio Marcos Moraes, promovido pela Fundação do Câncer, em setembro deste ano.
Sobre a terapia CAR-T Cell
Hoje, as células CAR-T são consideradas revolucionárias no tratamento do câncer. Cerca de 90% dos pacientes portadores de leucemia linfoblástica aguda de células B e sem chances possíveis de tratamento responderam bem à terapia, com 60% deles mantendo a resposta antitumoral a longo prazo. Outras doenças como o mieloma múltiplo e linfomas também apresentam excelente resposta ao tratamento.