Alunos nos barcos dos pescadoresDivulgação

Rio - Alunos do Colégio Municipal Amaral Peixoto, do bairro Lindo Parque, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, tiveram uma aula diferente nesta sexta-feira (11). Cerca de 20 crianças foram levadas até a Praia das Pedrinhas para uma atividade do Projeto Educação Ambiental, juntamente com bolsistas e pescadores do projeto Águas da Guanabara. No local foram ministradas diversas palestras sobre as áreas que são trabalhadas nos projetos, como Direito, Biologia, Veterinária, Geografia.

Os tópicos abordados foram o papel do médico veterinário no setor de alimentos, tecnologia de alimentos, produtos de origem animal, microorganismos e bactérias, armazenamento, zoonose. Cada bolsista e pescador explicou o que faz e como faz, pescadores mostraram como jogam a rede e ressaltaram que ainda vem lixo mesmo na parte rasa da praia. 

A bolsista do projeto e estudante de Direito Maria Heloísa do Rosário, falou sobre a decomposição de materiais não orgânicos e como o descarte indevido destes materiais em rios e mares afeta os ecossistemas em razão da mortalidade de animais e plantas causada pela poluição.
"Dos materiais que são mais encontrados e coletados pelos pescadores, decidi falar com os alunos sobre o tempo de decomposição daqueles a que eles têm mais acesso e utilizam no dia a dia, como plásticos, garrafas pet, borracha, vidro e isopor. Os alunos não sabiam, por exemplo, que o plástico é decomposto entre 400 e 450 anos, sendo que no caso da da borracha o tempo é indeterminado. O vidro e o isopor levam cerca de 400 anos. Todos ficaram impactados com essas informações", disse.

Projeto Águas da Guanabara

O Projeto Águas da Guanabara tem como principal objetivo realizar a limpeza da Baía de Guanabara, ajudando assim na melhora das condições de trabalho dos pescadores. Nos seus mais de dez meses de atuação, o projeto já retirou das encostas e dos mangues da baía mais de 800 toneladas de lixo flutuante. Muito do lixo que a baía recebe vem dos rios que desaguam em suas águas, o que demonstra a necessidade de uma conscientização sobre o papel do lixo na sociedade.
Atualmente o projeto atua em São Gonçalo, Magé e na Baixada Fluminense, com previsão de expansão para outras colônias em torno da Baía de Guanabara. Contando com uma equipe multidisciplinar, o grupo Águas da Guanabara também produz material de pesquisa para trazer à luz a questão ambiental e contribuir para a discussão e preservação do meio ambiente.

"A nossa baía hoje está completamente suja, cheia de plástico, o que prejudica não só a pesca, mas também os próprios peixes. Outro dia peguei uma tartaruga engasgada com plástico e por sorte consegui salvá-la. Tenho 23 anos na pesca e hoje estamos aqui lutando para melhorar o nosso ambiente pesqueiro", afirmou o pescador Valter Salles Moreira.

O pescador Carlos Antônio Marinho, que vive da pesca profissional há 30 anos, aproveitou a ocasião para dar um conselho às crianças: "Evitem jogar lixo nos córregos, nos rios, na praia, isso tudo contribui para cada vez mais aumentar a poluição da Baía de Guanabara. Cada um fazendo sua parte, jogando seu lixo na lixeira, não poluindo a baía. Nós sonhamos em ver essa baía despoluída".


Experiência de Pescador

Depois de escutarem atentamente tudo que foi dito, os alunos ainda vivenciaram a experiência de um pescador. Tiveram a oportunidade de entrar nos barcos de pesca juntamente com eles. E ao fim da aula, voltaram para casa com a mochila cheia de novas experiências e muitas informações para refletir.

"Sempre tive vontade de ver os pescadores de perto e aprendi nessa aula que temos que priorizar os animais, e sempre cuidar dos peixes e assim deixar a natureza mais viva. Deveriam existir mais lixeiras nas praias", disse a aluna Nicole da Silva, de 12 anos.

Já Larissa Conceição da Cruz, disse que achou a aula muito importante: "Os pescadores aqui dão tudo de si, eu fiquei impressionada com isso, prestei bastante atenção em tudo que foi dito, e tenho certeza que se as pessoas não jogarem mais lixo no mar, teremos mais peixes. Eu também não sabia o tempo de decomposição do plástico, aprendi aqui. Acho que todos devem fazer sua parte em nome do meio ambiente".

Glaucia Batista, professora da turma, disse que em sala de aula os alunos querem sempre aprender de uma forma dinâmica, e que nada é melhor que estar em contato com a natureza: "Esse projeto tem esse viés de educação ambiental e as crianças precisam conhecer esse lado. A gente aplica em sala de aula, e aqui eles têm o contato direto e veem na natureza a questão da problemática dos resíduos sólidos, nas praias, nos mangues, nas ilhas. Então a ideia foi justamente essa, alinhar o que a gente aprende em sala de aula, com o que acontece na prática do projeto Águas da Guanabara".