Casa Geyer fica localizada em Cosme Velho, na Zona Sul do RioDivulgação
Casa Geyer deverá abrir para o público em 2024
Residência histórica no Cosme Velho vai abrigar obras de Debret, Rugendas e outros artistas
Rio - O Rio de Janeiro vai receber em breve um novo local voltado para a cultura. A Casa Geyer, localizada na Ladeira dos Guararapes, em Cosme Velho, na Zona Sul, aos pés do Cristo Redentor, deverá ser aberta ao público em 2024. A residência possui uma coleção rara com itens do século XIX, com direito a obras do francês Jean-Baptiste Debret e do alemão Johann Moritz Rugendas.
A casa pertenceu ao casal Paulo Fontainha Geyer e Maria Cecília. Ambos tinham o desejo de abrir o acervo ao público. Agora, o sonho está cada vez mais próximo, pois um projeto executivo para transformar a casa em um museu já foi realizado.
As intervenções estão previstas para começar em janeiro de 2023, após o local ter recebido um aporte de R$ 8 milhões de Frank Geyer Abubakir, neto do casal. Antes de falecerem, Paulo e Maria Cecília doaram as obras e a residência ao Museu Imperial, de Petrópolis.
O projeto ainda prevê um novo paisagismo no jardim e a construção de um prédio extra para serviços diversos. Ao todo, as obras na residência devem custar R$ 22 milhões, conforme informou Frank Geyer ao DIA.
Importância histórica
A Casa Geyer possui uma coleção de 4.255 obras representando o Brasil-Colônia e Império. Como exemplo de acervo estão pinturas de artistas como os franceses Debret e Nicolas-Antoine Taunay, o alemão Rugendas e o austríaco Thomas Ender, além de livros, gravuras, mapas e desenhos da época.
Toda a coleção foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2014. Para Frank Geyer, a abertura para o público irá ajudar na preservação e formação de uma memória nacional, além de contribuir para melhorar o futuro.
"É mais do que apenas um sonho dos meus avós. Do que nos vale a informação se ela não for democratizada? Do que nos vale as obras de arte se elas não são compartilhadas com todos? O ser humano tem uma condição básica fundamental e importantíssima que é a memória. Para mim, o ponto mais importante desses gestos dos meus avós é que eles passaram a vida angariando pedaços de informação, que poderiam, inclusive, ao ficarem dispersas dos demais, perder a capacidade de informar. Eles preservaram essa memória, juntaram esse quebra-cabeça e daí emerge a memória do que somos, do que éramos e de como melhorar o nosso futuro", comenta.
Após ver o local fechada desde a morte de Maria Cecília, há dez anos, Frank Geyer celebra o cronograma dos trabalhos em prol da reabertura. "É uma oportunidade raríssima de estar em uma casa do século XVIII, tendo a oportunidade de ver o Rio Carioca a céu aberto. Passei bons anos na minha vida escutando o barulho do rio e a casa é um dos dois locais que eu sei que possuem essa abertura", diz.
Frank, que fundou o Instituto Sociocultural Flávia Abubakir, nome de sua mulher, voltado para o desenvolvimento de projetos sociais, educacionais e culturais, revela que pretende seguir o caminho de seus avós. Ele, inclusive, já começou a disponibilizar seu acervo pessoal na internet para quem tiver interesse. "Eu pretendo preservar a memória e tornar essa memória pública. Aprendi com minha avó e meu avô. O que importa mais é a informação", completa.
Acervo único
Segundo informações da direção do Museu Imperial, os futuros visitantes terão acesso a imagens do Rio de Janeiro imperial, seus logradouros, sua gente e natureza ali destacados. São 1.120 itens iconográficos produzidos por artistas de várias nacionalidades, 2.590 livros que enfatizam registros de viajantes e cronistas em terras brasileiras durante o século XIX.
Dentre os itens de arte decorativa, o total de objetos chega a 466, e é formado por quase 200 pinhas de cristal e vidro, móveis de madeira, em miniatura, trabalhados em marfim e a lanterna de prata que adornava a carruagem cerimonial de Dom Pedro II, fazendo desse conjunto uma referência no país.
"A Coleção Geyer representa um fenômeno singular na história do Colecionismo nacional, pois é o resultado de uma meticulosa atividade de identificação, localização e captura de objetos de arte conduzida pelo gosto privilegiado de apreciadores das Belas Artes. Assim, a Coleção é, ao mesmo tempo, um registro visual de um longo período da história nacional e um importante capítulo da história cultural brasileira contemporânea", diz a instituição.
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