Cláudia Alvarim Barrozo, ré em processo por injúria racial contra dois entregadores, deixou o fórum com a boca tampada pelo próprio advogadoReprodução/TV Globo
De acordo com o advogado de defesa de Cláudia, Marcello Ramalho, no momento da confusão, a ex-defensora pública, que tentou desferir um chute no repórter, estava um pouco alterada devido à audiência.
“No momento da confusão, a filha da Cláudia estava pedindo para que não fizesse filmagem, principalmente porque esse tipo de audiência causa um pouco de instabilidade na família e nos envolvidos. E pelo que me parece ouve um atrito com o repórter e a mãe achou que o repórter teria agredido a filha, se desestabilizando. Foi isso o que aconteceu”, disse Marcello.
Em imagens gravadas pelos cinegrafistas, Cláudia saiu da audiência contida pelo advogado, que tentava tampar sua boca na saída do fórum. Ao mesmo tempo, tentando evitar que fosse filmada, a filha da ex-defensora agrediu o repórter. Mesmo contida pelo advogado, Cláudia ofendeu outras pessoas, se jogou no chão e derrubou uma placa de saída ao sair do prédio.
A audiência começou às 13h. Os dois entregadores foram ouvidos em juízo, e a advogada foi interrogada. Entretanto, Cláudia teria ofendido uma das testemunhas durante o depoimento. De acordo com o advogado Joab Gama, que representa os entregadores, logo em seguida, a defensora alegou estar passando mal e deixou a sala antes do fim da sessão.
"A audiência foi relativamente tranquila. Todos estavam presentes, exceto uma das testemunhas de defesa da denunciada. Os garotos foram ouvidos, contaram suas versões, do início ao fim por diversas vezes. Foram indagados pelo advogado de defesa, Marcello Ramalho, e, no meio da audiência, durante o depoimento do Eduardo, a Cláudia, que estava como espectadora e nem tinha a palavra no momento, ofendeu o garoto no meio da audiência, chamando ele de mentiroso e sem vergonha", afirmou Joab.
Segundo Joab, após as palavras deferidas por Cláudia, a juíza interveio e cessou a palavra da ex-defensora pública, dizendo que ela iria se manter calada ou seria expulsa da audiência: "Em seguida ela falou que estava passando mal, levantou e tentou ofender novamente o rapaz, mas desta vez o advogado a segurou e fechou sua boca com a mão, literalmente. Daí o Eduardo foi ouvido e em seguida o Jonathan.”
Após os depoimentos dos entregadores, a audiência foi encerrada por causa do pedido do advogado de Cláudia, que solicitou a perícia do vídeo e insistiu em uma das testemunhas que não foi intimada.
"Solicitamos uma perícia oficial do vídeo que o motorista produziu com o celular dele, para saber se ele não foi manipulado porque, caso isso ocorra, vamos pedir a invalidade da prova. Até porque as imagens não condizem com o retrato de suas declarações. Ele fala que filmou o capô do carro e nas imagens não tem capô nenhum. Então nós queremos saber sobre a integralidade da gravação. A juíza deferiu com a concordância do MP”, disse Ramalho.
Já para o advogado dos entregadores, não seria necessária a intimação de mais uma testemunha: "No dia não tinha nenhuma testemunha. Só tinha os vídeos, as vítimas, a denunciada e sua filha. Agora vamos aguardar a perícia do vídeo. O Eduardo já forneceu o vídeo, direto do seu celular, o original, quando ele gravou, e esse vídeo terá sua perícia onde será comprovado que não houve nenhuma manipulação".
Relembre o caso
No dia 30 de abril, a Polícia Civil iniciou uma investigação de um caso de injúria racial em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, quando a defensora pública aposentada agrediu verbalmente dois entregadores em um condomínio de luxo em Itaipu.
No vídeo gravado por um dos trabalhadores, é possível ouvir a mulher, que não foi identificada, os chamando de "macacos". Após ela ofendê-los, ela entra em um carro de luxo e arranca saindo do local. Segundo a Polícia Civil, o caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu) como injúria por preconceito.
Já no dia 31 de maio, a defensora pública aposentada Cláudia Alvarim Barrozo, não compareceu à delegacia para prestar depoimento em todas as vezes que foi intimada e foi indiciada por injúria racial, informou o delegado Carlos César Santos.
Claudia foi chamada para ir à 81ª DP (Itaipu) três vezes após o registro da ocorrência, mas, de acordo com o delegado responsável pelo caso, ela não se apresentou em nenhuma das oportunidades, tampouco no período de conclusão das investigações. O inquérito foi fechado e encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) somente com o depoimento das vítimas.
Defensora pública tem mais quatro anotações criminais
Cláudia Alvarim Barrozo aparece em mais quatro anotações criminais como autora, sendo três por injúria racial e uma por lesão corporal. Segundo o delegado, com o andamento das investigações, ela pode pegar até três anos de prisão somente por esse caso, já os outros quatro seguem na Justiça.
Um dos casos onde Cláudia aparece sendo acusada de injúria aconteceu em 2014. Na ocasião, ela teria ofendido uma funcionária de uma empresa de plano de saúde. Segundo os registros, ela teria a chamado de "enfermeira de m..., muda, infeliz". No mesmo ano, a defensora foi acusada de ofender uma menor de idade que desistiu de participar de uma festa de debutante.
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