Rio - A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram, nesta terça-feira (22), a Operação Contra Ataque, uma ação para prender 21 integrantes de uma organização criminosa, acusada de tráfico de drogas, roubos de cargas e de pessoas, além de receptação e comércio ilegal de armas e munições, que atuava no Complexo da Pedreira, Zona Norte do Rio. Até o momento, nove pessoas foram presas, de acordo com a Polícia Civil.
Além das prisões, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a 32 pessoas denunciadas pelos crimes. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Especializada em Crime Organizado do TJRJ.
As investigações foram realizadas pela equipe da Desarme, com apoio Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, e se estenderam por seis meses, começando no final 2019, quando traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), que atuam no Complexo da Pedreira e integrantes do Comando Vermelho (CV), que comanda o tráfico no Complexo do Chapadão, entraram em confronto.
Ainda segundo a Polícia Civil, as investigações demonstraram que havia organização, hierarquia e divisão de tarefas no Terceiro Comando Puro, facção que atuava no complexo da Pedreira, havendo núcleos responsáveis pelo tráfico de drogas e outros, pelos roubos de cargas, pela atuação no comércio de armas e munições e também na receptação de produtos roubados.
"A organização criminosa revela-se não só dotada de estrutura hierárquica, mas também ajustada por uma perfeita divisão de tarefas, de modo que os integrantes do núcleo de roubo de cargas fundamentam boa parte de suas ações nas demandas do núcleo dos receptadores, já possuindo os produtos roubados destino certo, para fins de subsequente comercialização ilícita. Para além da venda direta de mercadorias a interessados, com os quais os integrantes da organização realizam contato imediato, um dos principais pontos de exposição para venda dos produtos roubados é a Rua do Meio, situada no centro de Belford Roxo, onde integrantes da organização montam suas bancas", aponta um dos trechos da denúncia feita pelo MPRJ.
Juliana Amorim, promotora do Gaeco, destaca a capacidade de cooperação da Polícia Civil e do grupo do Ministério Público, e ressalta a complexidade das organizações criminosas nos dias atuais.
"Nós, no Rio de Janeiro, não estamos mais com crimes estanques em comunidade. A gente não tem no Terceiro Comando Puro (TCP) um tráfico parado e focado nos entorpecentes. Há uma pulverização da atividade criminosa e uma organização para a atuação generalizada, com o intuito de conseguir dinheiro para financiar essa organização. A operação de hoje, a contra-ataque, descortina essa multiplicidade de ilícitos", afirmou Juliana, adicionando que por meio do angariamento de recursos as facções criminosas conseguem cada vez mais expandir o domínio e a força que possuem.
O inquérito indicou que os produtos roubados nos caminhões eram vendidos em localidades do Complexo da Pedreira e no comércio de rua de Belford Roxo, havendo diversos grupos de receptadores que se comunicavam e compravam o material ilícito para ser revendido em outros locais.
"Essa operação vem de uma investigação que começou no final de 2019, quando havia uma série de confrontos entre facções criminosas na área da Pavuna, especificamente entre as facções Comando Vermelho e Terceiro Comando, uma do Complexo do Chapadão e outra do Complexo da Pedreira. Houve vários confrontos com mortes de traficantes e também de moradores desses dois complexos", informou o titular da especializada, Rodrigo de Barros, durante coletiva na Cidade da Polícia.
"Durante as investigações foi constatado que os traficantes do Complexo da Pedreira não atuavam somente como traficantes, era realmente uma organização criminosa que, além do tráfico de drogas, também praticava roubos de carga, roubos diversos, a coletivos e outros tipos de roubos e comércio de armas e munições justamente para abastecer os traficantes das comunidades", completou o delegado.
No desenrolar das investigações, alguns dos integrantes da organização foram presos pela equipe da Desarme, inclusive um dos principais alvos, identificado como Michael, quando transportava um tablete com 1kg de cocaína. Outros criminosos também foram detidos por participação em roubos de cargas na Baixada Fluminense, além de assaltos em coletivos e a transeuntes, segundo informou a polícia.
"As investigações duraram cerca de seis meses. Durante as investigações houve mais de um flagrante. Conseguimos prender traficantes, inclusive o Michael, que falava com a maioria dos alvos dessa operação. Ele foi preso, em flagrante, pela nossa equipe, quando estava transportando um quilo de cocaína. Foi preso e permaneceu durante algum tempo, mas durante a pandemia ele foi solto e foi alvo de prisão novamente, hoje, dessa operação. No dia de hoje, nós conseguimos realizar nove prisões, sendo que, três dessas prisões são de integrantes da organização criminosa que já haviam sido presos anteriormente, pela Polícia Civil e já estavam no sistema carcerário", disse Rodrigo de Barros.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.