Douglas foi sepultado na tarde desta quarta-feira (22), no Cemitério de Japeri, na Baixada FluminenseCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - "Sempre fomos trabalhadores, nunca mexemos em nada de ninguém e a gente perde um ente querido por causa de bala perdida". Este foi o desabafo de Leandro Teixeira da Silva, irmão de Douglas Teixeira da Silva, morto ao ser baleado, na tarde desta terça-feira (22), durante um confronto entre policiais militares e criminosos, na RJ-125, em Japeri. Ele estava descarregando mercadorias de um caminhão quando foi atingido no peito.

De acordo com Leandro, a família soube da morte de Douglas por meio de um mototáxi da região, amigo da família da vítima. "Eram nove e meia, um rapaz que tomou um tiro de raspão na mão avisou um mototáxi, que é amigo da família, que meu irmão tinha morrido", disse.
Leandro disse que seu maior medo no momento é a saúde dos pais. Na manhã desta terça (21), após receber a notícia, o pai de Douglas precisou ser internado.

"Meu maior medo é meu pai passar mal porque ele mesmo quase teve um AVC, ele foi para a policlínica de Japeri e ficou na sala vermelha. Já a minha mãe, nós demos um remédio agora para ela tentar acompanhar o enterro tranquila, mas sei que não vai conseguir", afirmou.

Leandro também fala sobre o desejo de justiça por parte da família, mas sem culpar nenhum dos envolvidos. "Antes de culpar qualquer um dos lados, que seja investigado o caso e que, se os culpados forem os bandidos, sejam julgados, e se forem os policiais, que também sejam punidos e o estado arque com a família que ficou sem o pai trabalhador que levava o sustento para casa", revelou.
Para Geovana de Oliveira Granadeiro, tia do Douglas, a família está revoltada com a forma com que foi feita a perícia do caso.
"O sentimento é de tristeza profunda, não somente para mim que sou tia, mas para a mãe, que está em estado sem conseguir falar. O pai está emocionalmente abalado, ao ponto de ter um AVC. A perícia veio com um homem só no carro, tirou foto, só foto dele, não recolheram cápsulas, não verificaram as câmeras. As cápsulas foram recolhidas por moradores, pela família, depois que a perícia saiu do local. O moço da perícia não foi da delegacia de homicídios, onde ficaram encarregados do caso, quem foi ao local era de outro lugar. Ele sozinho tirou as fotos e foi embora. Tinha que ser da delegacia de homicídios, averiguar direito aonde veio o disparo, recolher as cápsulas para saber quem efetuou, verificar as câmeras que nem se quer procuraram. Como que vão fazer o teste de balística se eles nem fizeram o recolhimento? Graças a deus que os moradores encontraram as provas e queremos resposta, vamos correr atrás disso". disse, Geovana.

Douglas deixou mulher e três filhos. De acordo com o irmão da vítima, as crianças, um menino e duas meninas, ainda não sabem da morte e estão pedindo a mãe para chamá-lo de volta para casa.

Douglas foi sepultado na tarde desta quarta-feira (22), no Cemitério de Japeri, na Baixada Fluminense. Amigos e familiares fizeram uma carreata para acompanhar a chegada do corpo até o local.