Marcos Paulo Gonçalves Nunes foi preso nesta terça-feira (11) por envolvimento em homicídioReprodução

Rio - Investigações da Polícia Civil identificaram que Marcos Paulo Gonçalves Nunes, preso nesta terça-feira (11) por envolvimento na morte de Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, em decorrência do jogo do bicho, era responsável pela contabilidade da contravenção de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, e tinha um poder de liderança no grupo. Uma planilha incluída no processo mostra que a quadrilha movimentou mais de R$ 1,5 milhão no período de uma semana de junho de 2023.
Segundo o apurado, existe um bingo clandestino, localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que era administrado por Marcos. O bairro foi palco de uma disputa territorial entre o grupo de Adilsinho e o do também contraventor Bernardo Bello no ano passado. De acordo com a polícia, Marcos tinha acesso ao sistema no qual é realizada a contabilidade da contravenção de Adilsinho, sendo possível verificar uma movimentação de mais de R$ 1,5 milhão. O faturamento chegou a R$ 500 mil no período de 8 a 13 de junho.
A investigação ainda destacou que o acusado era chamado de "chefe" e que, em algumas ocasiões, ele que determinava o ritmo e a dinâmica do trabalho envolvendo máquinas caça-níqueis. Após o grupo de Adilsinho ter tomado a área pertencente a Bernardo Bello (Grajaú e Vila Isabel, na Zona Norte, a região Central e a Zona Sul), Marcos passou a exercer a função de contabilidade dos pontos de contravenção. 
Em relação à morte de Fernando Ribeiro, que fazia parte do grupo de Bello, Marcos teve como função monitorar e repassar informações sobre a vítima. Segundo a polícia, ele esteve em Copacabana, na Zona Sul, um dia antes da vítima ser assassinada com o objetivo de o vigiar. Marcos chegou a ser flagrado por câmeras de segurança monitorando o homem.
Fernando foi assassinado em 6 de abril de 2023, na Tijuca, na Zona Norte, atingido por diversos disparos de fuzil, principalmente na região da cabeça, por criminosos que desceram de um veículo prata, na Rua Caruso. As informações do monitoramento foram repassadas aos executores de Fabinho. Um deles é o policial militar Rafael do Nascimento Dutra, de 35 anos, conhecido como Sem Alma, apontado como chefe de uma quadrilha de matadores de aluguel.
Marcos Paulo, que é irmão do ex-tenente-coronel Claudio Luiz da Silva de Oliveira, denunciado pela morte da juíza Patrícia Acioli, foi preso nesta terça-feira (11) por agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). No imóvel que ele estava, que não teve o endereço revelado, havia dinheiro escondido no forro de gesso do teto. 
Além do homem, também foram cumpridos mandados de prisões preventivas contra Vitor Luís de Souza Fernandes e o PM Allan dos Reis Matos. O segundo já estava detido desde o ano passado. O trio virou réu, na última quinta-feira (6), pelo homicídio de Fernando.
Guerra da contravenção
Marcos Paulo foi baleado dentro do Bar Parada Obrigatória, localizado na esquina da Rua Souza Franco com o Boulevard 28 de setembro, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, em 15 de abril de 2023. Ele foi vítima de um ataque orquestrado pelo contraventor Luiz Cabral Waddington Neto, que culpa o grupo de Adilsinho pela tentativa de homicídio de seu filho, Luiz Henrique de Souza Waddington, ocorrida um dia antes no Catumbi, na região central do Rio.
O estabelecimento em questão era do empresário Antônio Gaspazianni Chaves, de 33 anos, que foi morto a tiros neste domingo (9), na mesma rua do bar. O assassinato do homem também estaria ligado à guerra da contravenção.
O grupo no qual Marcos é acusado de fazer parte também foi apontado como responsável pela morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, que era considerado braço armado de Bernardo Bello, e seu segurança, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, em novembro de 2022. Os homicídios teriam acontecido a mando de Adilsinho.
O confronto balístico realizado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) apontou convergência entre as cápsulas de fuzil utilizadas e apreendidas na execução de Fernando Marcos e na tentativa de homicídio de Luiz Henrique Waddington. A especializada confirmou que a mesma arma foi usada nos dois crimes após análise dos componentes de munições apreendidos em outros homicídios, em especial o de Marquinho de Catiri e Sandrinho, bem como nas mortes do PM Diego dos Santos Santana, do policial penal Bruno Kilier da Conceição Fernandes e do policial civil João Joel de Araújo.