Jornalista Humberto Nascimento, primo de Patrícia Acioli, é o diretor do documentário sobre a juíza Divulgação

Onze anos depois daquela noite terrível, chega às telas, com produção da 5e60, “Patrícia Acioli, Juíza do Povo”.
O crime, que chocou o país e afrontou o estado democrático de direito, vem com uma carga verídica do crime e da trama violenta muito forte, graças principalmente ao olhar do diretor que não só é um jornalista que luta por justiça todos os dias, como teve a família marcada literalmente pelos tiros que atingiram Patrícia.
Humberto Nascimento, meu colega há mais de uma década e primo de Patrícia Acioli, é o diretor e roteirista do documentário. E eu posso garantir: não teve um dia nesses onze anos que ele não lutou por justiça… Por ela e por tantas outras vítimas de covardes.
Isabele Benito: Por que resolveu colocar nas telas a história?
Humberto Nascimento: Porque a história da Patrícia é rica em generosidade, desprendimento, amor ao próximo e senso de justiça. São sentimentos que nenhuma reportagem saberia expressar se não mergulhasse no universo da Patrícia.
IB: O que sentiu ao reviver?
HN: Desde que esse projeto começou, em 2020, tem sido uma catarse. As emoções afloram a cada detalhe ou personagem. Algumas histórias vão surpreender a própria família.
IB: Qual o momento foi mais difícil?
HN: Sem dúvida refazer a cena do crime, na porta da casa dela, com todos os detalhes contados por um dos atiradores. A cena precisou ser ensaiada e repetida dezenas de vezes. Era terrível! Foi uma cena brutal que vai ficar sempre na minha memória.
IB: Uma história esmiuçada em detalhes durante as investigações… O que vamos ter que o jornalismo não conseguiu mostrar?
HN: Bastidores das investigações e da estratégia dos julgamentos, áudios inéditos dos júris, personagens da vida da Patrícia, imagens exclusivas da magistrada e muitos detalhes desconhecidos dentro das próprias histórias conhecidas.
IB: Você acha que o fato da Patrícia ser mulher também pesou na decisão de matá-la?
HN: Matar uma magistrada na porta da casa, com os filhos à espera da mãe, tem um simbolismo de que, para aquele bando criminoso, o poder armado não conhece limites. E que o lugar de mulher não poderia ser jamais dentro de uma vara criminal, mas sim dentro de casa, cuidando dos filhos.
IB: Anos de cobertura do factual, sendo editor chefe do programa que cobre diariamente as barbáries do Rio, ajudaram no projeto?
HN: A experiência do jornalismo ajuda a garimpar no lugar certo, com os olhos do detalhe.