Por gabriela.mattos

Rio - O Dia Mundial Sem Carro, celebrado hoje, começa com boa notícia. O 2º Inventário de Emissões Veiculares da Região Metropolitana do Rio, que foi apresentado às 10h no Museu do Amanhã, revela que, mesmo com o aumento da frota, foi alcançada uma redução de 90% no somatório das emissões de gases poluentes por veículos desde 2004, ano de publicação do primeiro estudo. O documento foi elaborado pela Secretaria de Estado do Ambiente e pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

De acordo com o levantamento, as emissões estimadas foram reduzidas em cerca de 90% para monóxido de carbono e 75% para os óxidos de nitrogênio. A secretaria ressalta que os resultados foram obtidos mesmo com a ampliação de 186 para 1.233 vias incluídas no levantamento e da frota, de 885.716 veículos para 1,3 milhão.

O número de veículos na Região metropolitana aumentou desde 2004%2C mas%2C mesmo assim%2C as emissões caíram por causa da melhora dos combustíveis e dos motoresMárcio Mercante / Agência O Dia

Os motivos para a redução da poluição gerada pelos veículos, segundo o governo estadual, foi a ampliação do uso do gás natural (GNV), aumento do percentual de biodiesel no diesel, e melhora deste combustível usado sobretudo nos ônibus, a inclusão da fiscalização de gases nas vistorias, reforço do controle de emissões de veículos pesados, pelo Programa Procon Fumaça Preta, e demais ações de fiscalização.

“O inventário permite a elaboração de diagnósticos que norteiam e reforçam as ações governamentais preventivas e corretivas e contribui para o desenvolvimento de ações pontuais de controle”, diz o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa.

Engenheiro de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas avalia que a evolução dos motores, proporcionada pela indústria automobilística, foi também relevante no processo, além do lançamento, pela Petrobras, de combustíveis diesel (usados basicamente no Brasil em ônibus e caminhões) com baixo teor de enxofre. “Se tivéssemos os mesmos motores de 20 anos atrás, o ar seria irrespirável”, afirma o especialista.

Para Rojas, os desafios para continuar reduzindo as emissões são investir na fiscalização de ônibus e caminhões. “O grande problema são os caminhões, esses ‘velhões’, com motores arrebentados. Quanto aos ônibus, os motores novos já vêm com controle”, acrescenta.

No dia a dia, cada um pode fazer sua parte, como o porteiro Nélio Silva, 39, que mora e trabalha no Leblon. Para economizar, vendeu o carro e só usa bicicleta e transporte público. “A bicicleta é para tudo: trabalho, levar o filho à escola, passear”, conta ele.

Também será divulgada hoje a base de dados do monitoramento da qualidade do ar referente à última década.

Prefeitura libera caminhões

A Prefeitura do Rio voltou atrás e não vai mais manter a restrição da circulação de caminhões na Avenida Brasil e pontos da Zona Sul, que valeu para diferentes vias da cidade durante a Olimpíada. A decisão foi publicada em decreto no Diário Oficial do Município ontem.

O setor de transporte reclamava do aumento de custos de até 30%. “É melhor para o trânsito da cidade, mas é pior para a economia”, explicou o prefeito Eduardo Paes, sobre a restrição. Ficam mantidas as proibições de circulação de caminhões nos horários e locais que já eram estabelecidas antes da Olimpíada.

Programação de hoje na cidade

A data será marcada por atividades de conscientização no trânsito, a partir das 9h, no Boulervard Olímpico do Centro. Haverá tendas e atividades infantis na ação, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smac). Às 15h, será a concentração, ao lado do Museu do Amanhã, para um passeio ciclístico rumo à Praça 15. 

Às 9h30, servidores da Secretaria Estadual do Ambiente e do Inea partirão em 20 triciclos da sede do Inea, na Avenida Venezuela, no Centro, até a Praça Mauá. O Dia Mundial Sem Carro está na agenda do Rio desde 2004 e incentiva o uso de transportes públicos e alternativos, alertando para engarragamentos e poluição do ar.

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