Por lucas.cardoso
Rio - Quem foi que disse que pessoas com paralisia cerebral não podem praticar esportes? Para Otávio Tesch Souza Ferreira, 23 anos e morador de São João da Barra, as limitações não são capazes de causar qualquer impedimento. Muito pelo contrário. Ao lado da mãe, Wrleides Souza Ferreira a Leide , o garoto pratica regularmente variadas atividades físicas. E a mais recente novidade da dupla é desfrutar do contato direto com a natureza em cima de uma prancha de stand up paddle.
Prática promove acessibilidadeDivulgação

"Como eu amo remar, sempre pensei em fazer uma prancha adaptada para proporcionar ao Otávio um pouco do prazer que eu sentia. Mas sempre ficou para depois, para um outro momento. E ele, aliás, ficava com o pai, em outra cidade, em finais de semana alternados. Só que, em fevereiro, o pai dele faleceu. E como a Apae de São João da Barra havia fechado, onde ele praticava equoterapia, não tinha mais nada de bom para fazer, o que o deixava muito irritado", conta Leide Ferreira.

Foi, então, que a técnica judiciária decidiu que estava mais do que na hora de dividir com o filho os momentos de prazer em cima da prancha e em contato com a natureza. Isso porque ela já praticava stand up paddle há três anos. "Fui ao médico e ele me receitou Rivotril. Resolvi não tomar a medicação e busquei outro caminho. E foi paixão à primeira remada, é minha terapia", confessa.

Para confeccionar a prancha, Leide Ferreira procurou Herval Junior Sup, de Niterói. Foi ele o responsável por fazer a adaptação, que levou 45 dias para ficar pronta. A cadeira pesa 1,5 quilo, tem 35 centímetros de largura e é feita de alumínio. A prancha, por sua vez, é capaz de suportar até 150 quilos. "Fiz a proposta para o Herval e ele comprou a ideia. Fizemos uns rascunhos e ele criou a cadeira e fez a prancha", lembra ela.

Preparação

Leide Ferreira conta que para deixar o filho preparado para o stand up paddle foram necessários alguns treinamentos. Afinal, a paralisia cerebral impede Otávio de realizar tarefas simples como, por exemplo, beber água, uma vez que ele não tem controle motor. "A gente começou o treinamento em casa mesmo. Ensinamos o Otávio a manter a boca fechada, a mergulhar. E como o desejo dele era tão grande de remar, aprendeu na primeira semana", destaca.

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A técnica judiciária acrescenta também que Otávio costuma acompanhá-la em outras atividades. Entre elas, os passeios em uma bicicleta devidamente adaptada. O menino ainda faz sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. "Só tenho uma certeza: minha missão é fazer da vida dele o melhor que puder. Se ele não anda, não fala e depende de mim até para beber água, preciso fazer com que a vida dele seja a mais leve possível. Que ele seja feliz", ensina.