Com a língua de sinais, surdos se comunicam melhor em sociedade
Com a língua de sinais, surdos se comunicam melhor em sociedadeDivulgação
Por Irma Lasmar
SÃO GONÇALO - Referência para toda a Região Metropolitana II, em especial para São Gonçalo, o Centro Especializado de Reabilitação (CER), situado no bairro de Neves, atende pacientes nas modalidades intelectual, física e visual, além de múltiplas deficiências. Com um trabalho de excelência, um dos grandes diferenciais desta unidade da rede pública municipal é a utilização de libras (língua de sinais usada por deficientes auditivos) e braile (sistema de escrita tátil utilizado por pessoas com deficiência visual) como instrumentos de inclusão. Atualmente, está sendo realizada a capacitação dos 35 profissionais da unidade, para ampliar o atendimento das pessoas com necessidades especiais. (FOTOS NA GALERIA AO FINAL DA MATÉRIA)
"Para melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes com deficiência auditiva e visual, a intérprete de libras e a transcritora de braile fazem um trabalho exemplar e com muita qualidade para que as pessoas aqui atendidas possam se comunicar com os seus familiares e com a sociedade, tornando-as mais independentes e com mais qualidade no retorno à sociedade", disse o responsável técnico do CER, Dr. Raphael Correia Caetano.
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O CER oferece consultórios e espaços de atendimento multidisciplinar - que podem ser utilizados individualmente ou em grupo -, como a sala de baixa visão, onde o paciente encontra um ambiente de treinamento para se locomover, e a sala de atividades de vida diária. Nelas, a atuação de duas profissionais faz a diferença: Melissa Mateus Cândido, 32 anos, transcritora de braile, e Michelle Corrêa Faria, de 36, intérprete de libras.
"É um grande desafio capacitar as equipes. Ainda há uma carência muito grande de profissionais nessa área e, por isso, a importância dessa capacitação dos profissionais. Por trabalhar há 20 anos com a surdez, adaptamos alguns jogos didáticos e até produzimos mecanismos próprios para completar e potencializar o aprendizado", revela Michelle, que não esconde a alegria no que faz. "Aqui, eu tive a oportunidade de fazer a diferença na área da Saúde. Quero dar o meu melhor, capacitar os profissionais da Saúde, para que os pacientes tenham um conforto maior no seu atendimento".
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Assim como a colega, Melissa também encontrou na profissão uma maneira de ajudar o próximo. "A satisfação é enorme, pois quem tem experiência em centros de reabilitação sabe que nem todos os locais contam com profissionais realmente envolvidos com o público-alvo. É um diferencial a pessoa com deficiência visual saber que terá um profissional para dar esse suporte”, comenta a pedagoga, que falou um pouco sobre o seu trabalho no CER. "Inicialmente, vimos aqui uma demanda para capacitar os profissionais a entender o contexto da deficiência visual. A partir disso, fomos passando informações, como a forma de comunicação para o atendimento adequado. O objetivo é tornar a comunicação acessível para todos".
Contudo, a unidade não trabalha no sistema chamado de portas abertas. Para ser inserido nesse tratamento, o paciente precisa ter um encaminhamento médico. "Os critérios são regulados pelo próprio Ministério da Saúde. É necessário que o paciente tenha cegueira total ou uma visão subnormal. O acesso ao programa se dá através da Central de Regulação: o paciente é encaminhado pelo posto de saúde ao oftalmologista para uma avaliação criteriosa e, ao identificar a necessidade de uma reabilitação visual, o paciente vai à Regulação com encaminhamento do médico", explica Dr. Raphael.
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O departamento de Regulação em Reabilitação da Secretaria de Saúde fica no estacionamento G2 do Shopping São Gonçalo, na Avenida São Gonçalo nº 100, bairro Boa Vista- tel. 3195-5198 ramal 1085.
Dr. Carlos Roberto Silva Coutinho trabalha no CER e faz uma avaliação positiva do treinamento que recebe. "A capacitação é muito proveitosa, pois temos uma demanda de portadores de deficiência auditiva e é um desafio muito grande a gente se comunicar com eles. O tratamento odontológico já uma coisa estressante, causa ansiedade e, fora isso, ainda tem a dificuldade de comunicação. Então esse treinamento é essencial", avalia o médico.