Pais de João Pedro temem que caso, ainda não concluído, seja esquecido
Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal promete adoção de providências regimentais que possam dar suporte institucional à família
Por Irma Lasmar
SÃO GONÇALO - A Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal recebeu a visita de Neilton Pinto e Rafaela Mattos Pinto, pais de João Pedro Mattos, o adolescente assassinado em 18 de maio do ano passado, dentro de casa, no Complexo do Salgueiro. Em reunião com o vereador Professor Josemar (PSOL), presidente da comissão, os pais de João Pedro relataram que até a presente data o laudo pericial sobre o disparo fatal não foi concluído. Diante do que considerou um prenúncio de descaso, o parlamentar comprometeu-se a se reunir com os demais colegas para a adoção de providências regimentais que possam dar suporte institucional à família que luta por Justiça.
O crime ocorreu durante uma operação conjunta realizada por agentes da Polícia Federal e da Polícia Civil. No momento em que foi alvejado na barriga por uma bala de fuzil, o estudante de 14 anos brincava com amigos em um dos cômodos da residência da família. Na época, a morte de João Pedro indignou a sociedade brasileira e teve enorme repercussão na imprensa internacional, fato que estimulou a mobilização institucional do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Poder Judiciário. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, chegou a expedir uma ordem judicial proibindo a realização de operações policiais em comunidades do estado do Rio de Janeiro durante a pandemia de Covid-19. Em seu despacho, o magistrado, demonstrando preocupação com eventuais reincidências, citou o caso de João Pedro. Porém, com o passar dos meses, o ritmo das investigações desacelerou, aumentando ainda mais a angústia dos familiares e amigos da vítima.
“O crime bárbaro que ceifou a vida de um menino negro, pobre e morador de comunidade é recorrente não só em nosso município, mas também em todo país. É mais um emblemático caso de preconceito social e racial que impera na nossa sociedade. A vinda dos pais de João Pedro à Câmara Municipal em busca de suporte institucional é oportuna, pertinente e legítima. Esse crime não pode cair no esquecimento e muito menos ser agasalhado pelo manto da impunidade. Essa família gonçalense não ficará desamparada nessa luta por Justiça. Por meio da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, a partir de agora acompanharemos o andamento do inquérito e daremos total visibilidade aos fatos”, afirmou Josemar.