O procedimento desta semana foi autorizado pela família de um rapaz de 22 anos, vítima fatal de um acidente de moto; do qual foram captados coração, fígado, rins, córneas e pâncreas, encaminhados a unidades da rede estadual
O procedimento desta semana foi autorizado pela família de um rapaz de 22 anos, vítima fatal de um acidente de moto; do qual foram captados coração, fígado, rins, córneas e pâncreas, encaminhados a unidades da rede estadualDivulgação
Por Irma Lasmar
SÃO GONÇALO - A corrida pela vida é a rotina de trabalho no Hospital Estadual Alberto Torres, mas ela fica ainda mais frenética quando se trata da captação de órgãos para doação e transplante. Esta semana, um helicóptero do Corpo de Bombeiros pousou na unidade para buscar um coração, fígado, rins, córneas e pâncreas captados pela equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos do Heat. Principal órgão captado, o coração deve ser reimplantado entre duas e quatro horas após retirado do paciente em óbito, segundo conta a equipe médica.
O procedimento desta semana foi autorizado pela família de um rapaz de 22 anos, vítima fatal de um acidente de moto. Ele deu entrada no Centro de Trauma no último dia 7 e dois dias depois teve morte encefálica, data que a Comissão de Transplantes iniciou o protocolo de captação junto aos familiares. 
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Para valorizar esse gesto de solidariedade, abnegação e amor ao próximo através da autorização da doação, o Heat, administrado pelo Instituto Ideas, criou o Jardim do Doador de Órgãos, onde um parente é convidado a plantar uma muda de jasmim, simbolicamente representando a continuidade da vida de um paciente através de outro. O projeto é o único com essa proposta de acolhimento no mundo e virou tema em congressos no Brasil e no exterior.
De janeiro deste ano até agora, já são 16 doações de órgãos viabilizadas pelo Heat, que os encaminha para unidades da rede estadual que executarão os transplantes em pacientes que aguardam a cirurgia com urgência. Em 2020, devido ao isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus, os acidentes fatais diminuíram e a captação de órgãos também, somando 30 - uma diferença grande para os anos anteriores. Em 2019, foram 102 órgãos captados. 
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O estado do Rio conta com 57 centros credenciados para realizar transplantes de órgãos sólidos e tecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Destes, nove são federais, dois estaduais, um municipal e 46 particulares. A Secretaria de Estado de Saúde informa que todas as unidades existentes, de todas as esferas públicas, podem notificar ao SUS quando há doador em potencial, mas as captações são realizadas pelas equipes do Programa Estadual de Transplantes (PET) e transportadas para os centros credenciados.
De acordo com a Secretaria, o número de transplantes pode ser maior do que o de captações, pois o PET também recebe órgãos de outros estados, respeitando a compatibilidade genética e antropométrica entre doador e receptor. Além disso, o número de transplantes não é o número de pessoas beneficiadas, pois uma só pessoa pode receber mais de um órgão doado.
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Número de órgãos captados e de transplantes realizados do estado do Rio de Janeiro:

2019
- 778 órgãos captados (doador falecido)
- 709 transplantes de órgãos de doador falecido
- 93 transplantes de órgãos de doador vivo

2020
- 669 órgãos captados (doador falecido)
- 649 transplantes de órgãos de doador falecido
- 50 transplantes de doador vivo

2021 (até 28/02)
- 60 órgãos captados (doador falecido)
- 63 transplantes de órgãos de doador falecido
- 8 transplantes de doador vivo