Jornalista e escritor, que trabalha na Anistia Internacional, apresenta em seu primeiro livro um retrato crítico da crise humanitária evidenciada pela pandemiaDivulgação / Alessandra Costa

Um retrato crítico da crise humanitária que a pandemia evidenciou. Este é o tema esmiuçado pelo jornalista Paulo Vicente Cruz em seu primeiro livro, Enquanto os gigantes dançam, pela editora Quelônio. São 24 contos curtos, que flertam com outros gêneros, como a crônica, o ensaio e o perfil, abordando com elegância o ponto de vista de personagens marginalizados, que sofrem com o racismo, a violência e a hipocrisia das elites. 
Escritos antes da eclosão global da Covid-19 e recentemente lançado, os textos prenunciam e expandem a situação de desigualdade e calamidade instaladas, algumas vezes enfatizados sem tom apocalíptico. O contraste entre a lapidação da voz narrativa e a contundência dos temas revela um estilo incomum e inovador na literatura brasileira contemporânea, como registra a escritora Daniela Kopsch na quarta capa do livro. A capa, o projeto gráfico e as ilustrações são de Sílvia Nastari. Bruno Zeni assina a orelha.

Atualmente trabalhando na Anistia Internacional, Paulo Vicente Cruz dedicou sua carreira a atividades relacionadas à interseção entre a comunicação, a educação e o terceiro setor. Tem textos publicados em blogs, revistas eletrônicas e antologias, além de participar da edição de 40 anos da publicação Cadernos Negros.

Da pergunta provocativa a um dos mestres da literatura ocidental em tom de ensaio, crônica ou crítica cultural, o livro coleciona histórias em que os personagens sofrem em silêncio, de maneira individual e solitária, um drama coletivo bastante conhecido no país. As narrativas desenvolvem diferentes formas de contar, às vezes ligadas à tradição das lendas e das fábulas.