Esporotricose. Uma doença ainda pouco conhecida, mas que necessita de muita orientação. Causada por fungos localizados na terra, ela também pode ser transmitida pelos gatos – mesmo aqueles que não têm nenhuma característica da doença e são assintomáticos. Em São Gonçalo, o tratamento para a doença em humanos é realizado no Polo Sanitário Washington Luiz, no Zé Garoto, às quintas-feiras. As consultas com a dermatologista podem ser marcadas na própria unidade. A distribuição do remédio para combater a doença também é realizada no polo sanitário.
“A esporotricose é uma micose profunda, ou seja, o fungo parasita não só a epiderme, mas ele atinge os tecidos moles, principalmente a derme e a camada de gordura. É uma micose causada pelo fungo do gênero Sporothrix, que é um fungo que existe na natureza e tem afinidade pelo solo, pelas plantas e, mais recentemente, por alguns animais, que passaram a servir de reservatório, principalmente os gatos”, explicou a dermatologista Andrea Duarte, que atende no Washington Luiz.
A doença provoca o aparecimento de erosões ou ulcerações principalmente na face, próximas aos olhos, nas mãos e nas pernas. Apesar do grande comprometimento inflamatório e do aspecto muitas vezes grotesco das feridas, a doença – se corretamente tratada – é plenamente curável. O tratamento é feito com um antifúngico específico e dura, em média, três meses. Mas, dependendo da gravidade, pode durar o dobro do tempo.
Como o gato contaminado é um reservatório, ele pode ser um portador assintomático. Assim, mesmo os gatos que não têm lesão na pele podem transmitir a doença. Se o humano tem algum tipo de escoriação na pele como, por exemplo, um micro trauma provocado por uma depilação, isso pode servir de "porta de entrada" para a doença, uma vez que exista o contato com o pelo do gato contaminado. A doença é mais comumente transmitida através de arranhaduras e mordidas.
No Brasil, o estado do Rio de Janeiro é o que condensa o maior número de casos de esporotricose, apesar de ainda existir muita subnotificação, devido aos casos que não chegam à rede pública e ao isolamento domiciliar causado pelo coronavírus nos últimos dois anos. Os números das pessoas em tratamento em São Gonçalo caíram esse ano em comparação ao ano passado na rede pública. Em 2020, foram 43 casos. Em 2021, 60. E até o dia 8 de junho deste ano, 11 pessoas procuraram tratamento no Polo Sanitário Washington Luiz.
“A transmissão entre humanos é raríssima. O diagnóstico é clínico e fácil de ser identificado. O paciente que chegou com as lesões características e tem o histórico do contato com o gato, o diagnóstico é fechado. Quando a gente tem dúvida, o critério ouro do diagnóstico é pedir a cultura da lesão, que leva cerca de 30 dias para ficar pronta”, explicou Andrea.
Para evitar a contaminação através do gato que já está com a doença, a especialista orienta evitar dar o medicamento diretamente na boca do animal, evitar o contato direto com as lesões, não fazer curativos ou passar pomadas. “O gato tem que ficar isolado e preso em coleira ou em algum local da casa que não consiga sair até que as lesões cicatrizem. A higiene do espaço deve ser feita com água sanitária (hipoclorito de sódio)”, finalizou.
Como identificar a doença
Se a pessoa foi arranhada por um gato contaminado, o local onde houve o arranhão será cicatrizado. Mas a lesão abre após 15 dias – período de incubação do fungo. “Então, quando o paciente tem a lesão e, uma semana depois, está com pus, não é a esporotricose. É uma infecção bacteriana por conta dos germes da boca do gato. Normalmente, a lesão típica da esporotricose é uma úlcera que se desenvolve cerca de 15 dias após a arranhadura ou mordedura e é chamada de cancro de inoculação. Essa ferida permanece aberta até que o tratamento específico seja instituído”, explicou a médica.
Antirrábica humana
Quando há arranhões ou mordidas dos felinos, os gonçalenses têm atendimento em todos os polos sanitários para a avaliação do machucado. A aplicação da vacina contra a raiva é realizada em dois deles: Washington Luiz Lopes, no Zé Garoto, e Hélio Cruz, em Alcântara, em dias específicos. Vale lembrar que a vacinação não é contra a esporotricose, mas contra a raiva. No entanto, é através desse primeiro atendimento que pode acontecer o encaminhamento para o tratamento contra a esporotricose.
“No atendimento antirrábico, o profissional de saúde vai orientar o paciente após avaliar o acidente e a lesão. Com a avaliação, ele vai estabelecer a conduta a ser realizada, como se há necessidade ou não da vacina e/ou soro antirrábico, assim como a quantidade de doses da vacina e se será encaminhado para o tratamento da esporotricose”, disse a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, Melissa de Mello.
A aplicação da vacina antirrábica acontece no Polo Sanitário Washington Luiz Lopes às segundas e quintas e no Polo Sanitário Hélio Cruz às terças e sextas, sempre das 8h às 17h. Nos feriados, os polos abrem, exclusivamente, para vacinação antirrábica, das 8h às 12h. Quando necessária a aplicação do soro antirrábico, o paciente é encaminhado ao Pronto Socorro Central (PSC), no Zé Garoto, que funciona 24h todos os dias.
O atendimento para avaliação da lesão ocorre nos polos de segunda a sexta, das 8h às 17h. Em casos de acidentes graves que necessitam de atendimento de urgência ou emergência, fora do horário de atendimento nos polos sanitários, o paciente é encaminhado ao PSC para avaliação. Caso o paciente seja encaminhado para o tratamento da esporotricose, a marcação da consulta acontece no próprio Washington Luiz.
Locais de atendimento para a vacinação antirrábica
Polo Sanitário Washington Luiz Lopes, Zé Garoto
Polo Sanitário Hélio Cruz, Alcântara
Polo Sanitário Augusto Senna, Rio do Ouro
Polo Sanitário Paulo Marques Rangel, Porto do Rosa
Polo Sanitário Jorge Teixeira de Lima, Jardim Catarina
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