Veículo da empresa jornalística O Diário de Teresópolis atacado por pichaçãoReprodução mídias sociais

Na manhã desta quarta-feira, 27 de julho, a sede do jornal O Diário de Teresópolis amanheceu pichada com palavras ofensivas à imprensa e ao repórter policial independente, Anderson dos Santos, conhecido como Totó. O prédio da empresa teve os muros e o carro pichados com palavras como “mentirosos”, “pior jornal da cidade”, e até mesmo ofensa à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro: “PMERJ lixo”.
Repórter Totó fala sobre pichação envolvendo seu nome - Marco Antônio
Repórter Totó fala sobre pichação envolvendo seu nomeMarco Antônio

Em entrevista exclusiva a O DIA, Totó afirmou não saber se o motivo foi vingança pelas coberturas policiais ou por perseguição política, devido às críticas feitas por ele a alguns políticos, “inclusive uns são pré-candidatos às eleições de 2022”, disse ele. Anderson falou que já sofreu tentativa de agressão durante cobertura em operações policiais, fazendo com que ele fizesse registro na delegacia, mas os inquéritos ainda estão abertos, sem conclusão.
Muro do prédio de O Diário de Teresópolis com ofensas a Totó - Reprodução mídias sociais
Muro do prédio de O Diário de Teresópolis com ofensas a TotóReprodução mídias sociais

Questionado sobre se tais ataques representam uma ameaça à liberdade de imprensa, Anderson disse se sentir ameaçado “a partir do momento em que não sabemos os motivos das agressões”. Ele não foi à delegacia fazer o boletim de ocorrência, mas espera pelo posicionamento da empresa, uma vez que câmeras de segurança fizeram registros do pichador. Totó fez questão de deixar claro que não possui qualquer vínculo empregatício com O Diário de Teresópolis.

O advogado criminalista Alfredo Dib Neto disse que, de acordo com o artigo 65 da Lei de Crimes Ambientais 9605/98, casos de vandalismos recebem pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa, além de responsabilização por eventuais ameaças.
Ofensas atingiram até a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro - Reprodução mídia sociais
Ofensas atingiram até a Polícia Militar do Estado do Rio de JaneiroReprodução mídia sociais

Inspetor da 116ª DP, que preferiu não ser identificado, explicou que tudo começa com uma notícia crime, feita ou por um Registro de Ocorrência ou por requisição do Ministério Público. O titular da delegacia Dr. Márcio Mendonça Dubugras não foi encontrado para falar sobre o caso.

Entendendo os crimes de imprensa
Já os crimes contra a imprensa receberam uma proposta de projeto de lei do Senador Fabiano Contarato, do Rede-ES, estabelecendo pena de detenção de um a seis meses e multa, para aqueles que impedirem ou dificultarem a atuação dos profissionais de imprensa com hostilidade. O senador, em entrevista à TV Senado, afirmou que “o Estado democrático de direito não subsiste em um cenário onde a hostilidade se transforma em arma para tentar silenciar opiniões, dados ou fatos que desagradem a um determinado grupo.”

Segundo o Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), o Brasil aparece no ranking internacional de impunidade em crimes praticados contra a imprensa, próximo a países em guerra, como a Síria e o Afeganistão”. Relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras, diz que a “deterioração do ambiente para jornalistas” faz o Brasil cair para a 107ª posição na classificação mundial de liberdade de imprensa.

No Twitter, o Senador Fabiano Contarato afirmou que "Para combater as violências, ofensas e ameaças crescentes contra profissionais de imprensa, apresentei projeto de lei punido com prisão os agressores. Nos últimos anos, o Brasil tem verificado um aumento das ofensas e ameaças contra esses profissionais, resultando em atos cada vez mais violentos. Não há democracia sem liberdade de imprensa!”

Procurado pela reportagem de O DIA, o diretor de O Diário de Teresópolis, Wanderley Peres Jr, preferiu não se pronunciar sobre os atos de vandalismo sofridos na fachada e no veículo da empresa.